Quem não deve, não teme. Mas quem deve e temia, pode estar festejando a sucessão de informações desta semana dando conta do esvaziamento progressivo da estrutura de sustentação operacional da Operação Lava Jato, a que realizou a maior e mais efetiva investida contra os focos de corrupção no Brasil. Entre as “celebridades” da galeria de colarinho branco que caiu nas garras da Lava Jato e do juiz Sérgio Moro está o ex-deputado federal Eduardo Cunha, preso numa cela da PF em Curitiba.
A Polícia Federal tomou a iniciativa de comunicar, em nota oficial publicada nesta quinta-feira, 6, que o grupo da força-tarefa de Curitiba estava sendo desfeito e passará a trabalhar de forma integrada em delegacias de Combate à Corrupção e Desvios de Verbas Públicas (Delecor). A nota diz que o atual efetivo na Superintendência Regional no Paraná será adequado à demanda e “reforçado em caso de necessidade”.
Na véspera, o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, que integra a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, comentou nas redes sociais sobre a liberação de recursos para emendas parlamentares pelo governo federal, e alertou que “a Força-tarefa da Polícia Federal na operação Lava Jato deixou de existir”.
O anúncio veio pouco mais de um mês após o corte de verbas destinado à Lava Jato e à Superintendência da Polícia Federal do Paraná, que tiveram quase um terço de seu orçamento cortado neste ano pelo governo Michel Temer. O Ministério da Justiça destinou para ambos R$ 20,5 milhões – R$ 3,4 milhões para os gastos extras da operação – ante os R$ 29,1 milhões de 2016, dos quais R$ 4,1 milhões especificamente para a Lava Jato. A queda representa um percentual de 29,5%. Além disso, houve um contingenciamento de 44% da verba.
O corte representou uma asfixia aos trabalhos da Operação Lava Jato, com consequências diretas em pagamento de diárias, realização de diligências e outras ações necessárias à continuidade da operação. Em 2014, por exemplo, no início da Operação Lava Jato, os recursos para a Superintendência do Paraná cresceram 44%, saltando de R$ 14 milhões em 2013 para R$ 20,4 milhões. Já em 2015, manteve-se o mesmo nível de gastos autorizados pelo governo federal, ainda sob o comando da ex-presidente Dilma Rousseff.