Logo que a mídia veiculou trechos da delação premiada do empresário Wesley Batista citando seu nome, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) tomou todas as providências para desmentir o sócio do Grupo JBS, um dos investigados na Operação Lava Jato. Além de acionar advogados para ingressar com uma medida judicial contra o delator, Azambuja reuniu documentos probatórios que calçaram todas as suas ações nos negócios privados e no exercício de cargos públicos.
Depois de reunir a imprensa e apresentar sua defesa, o governador cumpriu uma série de visitas a órgãos públicos e civis de controle, de fiscalização, de julgamento e de representação de causas da sociedade.
Foi recebido na Assembleia Legislativa, Tribunal de Contas, Tribunal de Justiça, Ordem dos Advogados (OAB), Federação das Indústrias (Fiems) e o Colégio de Procuradores de Justiça, que representa o Ministério Público do Estado (MPE). Em todas as visitas as atitudes de Azambuja para reagir à delação foram destacadas pelos anfitriões, inclusive num cenário inusitado, o MPE.
O chefe da Procuradoria-Geral de Justiça, Paulo Passos, foi contundente ao avaliar a reunião com Azambuja: “O Ministério Público confia no Governo”. Neste e nos outros encontros foram apresentados e analisados documentos dos termos de acordo celebrados com a JBS. São registros fiscais e contábeis que derrubam as declarações de Wesley Batista, que acusou o Estado de cobrar propina dos incentivos oferecidos às empresas que se instalam em Mato Grosso do Sul.
Os procuradores Humberto de Matos Brittes, ex-chefe da PGE, e Jaceguara Dantas, também se manifestaram para realçar o comportamento republicano e digno do dirigente sul-mato-grossense. Azambuja levou a relação dos 1.199 termos de acordo firmados pelas administrações estaduais com diversas empresas e detalhou que os benefícios concedidos à JBS são os mesmos de outros 31 frigoríficos no Estado
CONVERSA FRANCA
Na Assembleia Legislativa, mesmo diante da intenção da bancada oposicionista de abrir procedimentos para deliberar sobre a delação que o envolvia, o governador conversou aberta e objetivamente com todos os deputados. O deputado Júnior Mochi (PMDB), presidente da Casa, salientou que Azambuja pontuou com firmeza e clareza todas as abordagens e se colocou à disposição para quem quisesse esclarecer quaisquer outras dúvidas.
No TCE-MS a agenda durou mais de uma hora e os conselheiros enfatizaram a regularidade dos documentos que atestam a lisura dos contratos e incentivos fiscais. A OAB/MS endossou os esclarecimentos do governador. E ao contrário da intervenção no quadro nacional, em que a Ordem ingressou com pedido de afastamento do presidente Michel Temer, a seccional não viu provas suficientes na delação para fazer o mesmo em relação ao Governo do Estado.
Os dirigentes do setor produtivo também receberam Azambuja no Edifício Casa da Indústria, em Campo Grande. O presidente da Fiems, Sérgio Longen, desconstruiu as declarações do delator e dono da JBS. “Ao condicionar a concessão de incentivos fiscais ao pagamento de propina, os denunciantes jogaram na vala comum 1.199 empresários detentores de termos de acordo em Mato Grosso do Sul”, disse Longen. “Não falo em
nome dos outros 1.198 empresários, mas nunca dei um real sequer pela renovação de benefícios fiscais. Fato que, por si, desqualifica a denúncia como um todo”, sublinhou.
O presidente da Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul (Famasul), Maurício Sato, atacou a generalização utilizada pelos delatores para envolver diversas autoridades de maneira aleatória e sem provas. E elogiou o apoio que o governo está dando aos produtores para resolver problemas como os gargalos de escoamento e as estruturas insuficientes de armazenagem. Para resolver o problema, o Governo fez um acordo para atender essas demandas.