As declarações dos empresários Joesley e Wesley Batista, proprietários do grupo JBS, detalhando suposto esquema de distribuição de propinas a políticos de todo o Brasil, voltaram a ser contestadas durante a sessão plenária de quarta-feira (24). Deputados estaduais apresentaram documentos e informaram como foram recebidas doações durante o período eleitoral, em 2014. Também criticaram a repercussão na imprensa das denúncias dos empresários.
Mara Caseiro (PSDB) lembrou que era permitida a contribuição de empresas a campanhas eleitorais. “Não recebi doação da JBS, mas da majoritária do partido, e mesmo que soubesse a procedência, à época, consideraria natural, porque foi uma doação lícita, declarada e que consta nas minhas contas, devidamente aprovadas pelo TRE [Tribunal Regional Eleitoral – TRE-MS]”, disse.
Ela explicou que os recursos foram destinados a despesas como confecção de materiais gráficos, pagamento de pessoal, entre outros. Também avaliou como urgente a reforma política em âmbito nacional e criticou os empresários da JBS. “Fomos todos vítimas de uma organização criminosa que se instalou em nosso país e deve ser urgente a reforma política, se não as pessoas de bem não entrarão mais para a política”, reiterou.
NOVO MOMENTO
Para Cabo Almi (PT), a conjuntura política é delicada e a “onda de denuncismo” atinge todos os políticos. “É difícil dar explicações para aqueles do ‘quanto pior, melhor’ e que não querem ouvir. Vamos arcar com as consequências da nossa profissão, que é a política, mas podemos ficar tranquilos se nossas atitudes são corretas”, afirmou. Segundo ele, a descrença na classe política pode representar o início da mudança. “O que fazer? Mudar a política, mudar a sociedade, conscientizar. Porque é de dentro das famílias que saem os políticos, todos nós, e estamos diante de um novo momento”, complementou.
Marcio Fernandes (PMDB) mostrou um cheque recebido durante o período de campanha, em 2014. “Aqui consta que recebi doação da majoritária, de forma totalmente legal e com recibo eleitoral, como manda a legislação”. Antonieta Amorim (PMDB) afirmou que a imprensa está julgando e condenando todos os políticos, indistintamente. “Esse grupo que lesou a Nação [JBS] lesou também os nossos mandatos ao disseminar inverdades”, disse.
QUE PAÍS É ESSE?
Onevan de Matos (PSDB) lamentou que os irmãos Batista estejam em liberdade, após acordo de delação premiada. “Esse é o país que querem passar a limpo, onde o marginal rouba, arma uma delação e vai embora tranquilamente”, disse. Segundo o deputado, muitas pessoas entre as citadas pelos empresários, como beneficiárias do suposto esquema de propinas, nem sequer sabiam que as doações seriam provenientes da JBS. “Como todos sabem, as doações chegam ou pelo partido ou pela majoritária”.