Representantes de 13 câmaras municipais se reuniram em Campo Grande, na quinta-feira (18), para cobrar a retomada das obras na BR-163. A CCR MSVia, empresa responsável por duplicar os mais de 800 quilômetros da rodovia em território sul-mato-grossense, paralisou os trabalhos assumidos em 2014 e quer rever o contrato de concessão.
A reunião foi realizada na Câmara Municipal de Campo Grande. Participaram vereadores de Camapuã, Itaquiraí, Naviraí, Nova Alvorada do Sul, Jaraguari, Mundo Novo, Rio Brilhante, São Gabriel do Oeste, Bandeirantes, Rio Verde, Caarapó e Eldorado, além da Capital. Em regra, eles pedem a retomada dos trabalhos ou, pelo menos, a suspensão da cobrança do pedágio.
“A BR-163 é conhecida como Rodovia da Morte, daí a importância de sua duplicação. As obras, também, gerariam emprego e renda. A população recebeu essa notícia com muita angústia, de maneira negativa. A concessionária parou as obras, mas manteve o pedágio. Com essa união, esperamos que as obras sejam retomadas”, disse o presidente da Câmara de Rio Verde, Anivaldo Moraes de Almeida.
A CCR assumiu a concessão em 2014 e, no ano seguinte, após duplicar 90 quilômetros da rodovia, iniciou a cobrança do pedágio. Dos 845 quilômetros da via entre Mundo Novo e Sonora, o contrato previa a duplicação de 798. A paralisação da obra gerou, de imediato, a perda de 1,5 mil empregos, segundo representantes de classe.
Para o presidente da Câmara Municipal de Mundo Novo, vereador Gildo Amaral, a retomada das obras é “importante e urgente”. “São aproximadamente 5 mil veículos diários que passam por ali. Temos ainda a distância entre Mundo Novo e Campo Grande: para nos é muito difícil esse trânsito. Com obras paradas, e cobrando o absurdo que é o pedágio, é complicado. É importante e urgente retomar a obra. Importante pois temos um fluxo muito grande de veículos”, cobrou.
O presidente da Câmara de Rio Brilhante, José Maria Caetano de Souza, conhecido como Nô, afirmou que “em Rio Brilhante, da mesma forma que aconteceu em vários municípios, a cidade foi separada. Hoje vivemos em um mundo de acessibilidade e lá fizeram o contrário, fecharam os acessos às fazendas e não progrediu nada lá para nós. Então não é justo pagar algo que não está sendo usufruído, tem que pagar aquilo que está sendo beneficiado. A Câmara de Rio Brilhante está empenhada nisso. Perdemos 130 empregos no nosso município e isso é muito sério. Queremos juntos com os vereadores fazer uma ação civil pública”.
Segundo o presidente da Câmara de Caarapó, André Nezzi, a economia do município foi prejudicada com a paralisação da obra. “Tinha bastante mão de obra do município. Há também o prejuízo em relação aos produtores de soja, milho, cana, que é forte em nossa região. Isso, com certeza, deve afetar nosso município, pois é por ali que passa a produção do nosso Estado. Não concordamos com a paralisação dessa obra, nem prorrogação do prazo. Foi compromisso assumido, está em contrato”, cobrou.
O presidente da União de Câmaras de Vereadores de Mato Grosso do Sul, Jeovani Vieira dos Santos, diz que prefere a manutenção da cobrança do pedágio. Desde que, obviamente, as obras sejam mantidas. “A empresa, quando ganhou a concessão em Mato Grosso do Sul, fez um comprometimento de fazer as duplicações. Sem mais, nem menos, quer paralisar essas obras. Na verdade, gostaríamos que ela mantivesse a cobrança, mas também as obras. Vários pais de famílias são prejudicados, pois ganhavam seu sustento com essas duplicações”, lembrou.
O presidente da Câmara de Bandeirantes, Jair Pereira, é outro que prevê prejuízos para o município. “Quando viemos para Campo Grande, pagamos por uma coisa que não estamos usando, pagamos um valor de R$ 5,60, um carro pequeno, carro de passeio, só que isso não está dando um transporte de qualidade”.
Para o vereador Professor João Rocha, presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, “esse é um momento extremamente delicado”. “Queria saber se fosse em outro Estado, se a concessionária estaria tratando da mesma maneira que está tratando Mato Grosso do Sul. Temos que tomar uma atitude e chamar para nós essa responsabilidade, porque nós somos o início dos degraus que as pessoas podem recorrer, estamos mais próximos da população. Tomei a liberdade de convidar todos os presidentes de Câmara para que possamos deliberar uma providência. Isso é importante para nossos municípios, para nosso Estado, mas principalmente para o Brasil, pois a BR-163 é um corredor de escoamento de safras agrícolas e pecuárias. Nós temos essa responsabilidade para com o nosso País. Não podemos ficar parados só nessa reunião, temos que continuar nessa mobilização até que algo seja efetivado”, disse o vereador.