* Por Geraldo Silva
Um dos grandes desafios do diretor-presidente da Fundesporte, professor Marcelo Ferreira Miranda, foi vencido no dia 29 de janeiro, quando foram reabertos os portões do Estádio Pedro Pedrossian – Morenão – em uma grande festa do futebol. Naquele dia, o governo do Estado estava devolvendo um patrimônio antes abandonado e sucateado ao torcedor sul-mato-grossense, além de promover grandes momentos do nosso futebol, que vivia só de passado e agora recria um novo cenário também de revitalização.
O Morenão ficou fechado por determinação judicial por mais de dois anos e as articulações feitas pelo presidente da Fundesporte com os clubes, federações e Universidade Federal de MS (UFMS), resultaram em uma grande parceria, onde o Estado participa, inicialmente, com um investimento de R$ 200 mil para promover adequações estruturais no estádio e atender, assim, ao Ministério Público. Por determinação do governador Reinaldo Azambuja, ainda foram liberados R$ 775 mil para custear as despesas dos clubes, que estavam no fundo do poço, durante o Campeonato Estadual.
Nesta entrevista, Marcelo Miranda fala de um projeto mais ousado para valorizar o Morenão pela sua importância enquanto monumental praça esportiva, transformando-o numa moderna arena, onde possa sediar não apenas jogos da elite do futebol, mas outros eventos esportivos nacionais. Novos investimentos serão feitos pelo governo estadual na parte de iluminação pública, novo placar eletrônico, gramado e setor de cobertas.
O diretor-presidente da Fundesporte, fundação responsável pela gestão das políticas públicas de esporte e lazer do Estado, é graduado em Educação Física pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, especialista em treinamento desportivo pela PUC/MG, mestre em Educação Física pela Unicamp, membro do Conselho Federal de Educação Física e Professor do Curso de Educação Física da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) em Campo Grande.
FOLHA DE CAMPO GRANDE- O Governo fez uma grande jogada devolvendo o Morenão ao torcedor sul-mato-grossense. É o início do resgate do nosso futebol?
MARCELO MIRANDA- Acreditamos que esse seja um grande passo para alavancarmos nosso futebol. E os primeiros jogos já mostraram isso, a resposta de publico à reabertura do Morenão mostrou que estamos no caminho certo e, com certeza, isso fará com que os clubes tenham uma receita melhor, viabilizando sua autonomia, reduzindo assim a dependência do apoio governamental.
FCG- Qual é o grande projeto da Fundesporte para tornar o Morenão uma arena para grandes eventos do futebol nacional e outros esportes?
MM- Nessa primeira etapa, tivemos a preocupação de atender a todas as exigências do Corpo de Bombeiros e do MPE (Ministério Público Estadual) para a liberação parcial do estádio, dando mais conforto e segurança aos torcedores. Estamos agora discutindo com o reitor Marcelo Turini, da Universidade Federal (UFMS), que é um grande parceiro, como faremos a etapa final. O governo de Estado idealiza a transformação do Morenão numa grande arena cultural e esportiva, não apenas para uma modalidade, em que pese entendermos da sua importância para o futebol. Mas precisamos de uma pista de atletismo oficial, bem como colocação de assentos, placar eletrônico e sistema de som adequados, para que o estádio possa, inclusive, sediar jogos das séries A e B do futebol brasileiro.
FCG- Ventila-se uma possível transferência do estádio, hoje da UFMS, para o Estado… Seria viável, fundamental para fomentar o profissionalismo?
MM- Várias hipóteses estão sendo analisadas. Eu, particularmente, defendo a ideia de uma gestão compartilhada, onde todos se beneficiam e os custos de manutenção, que hoje é o grande problema das arenas pelo Brasil afora, são divididos. Temos que pensar numa solução que seja definitiva, viável, para que não caiamos novamente na falta de manutenção e novas interdições.
FCG- Essa primeira fase do Campeonato Estadual mostrou que o apoio do Governo do Estado foi essencial para essa virada de página do nosso futebol…
MM- Além da entrega do Morenão, o governo do Estado apoia o Campeonato Sul-Mato-Grossense com o pagamento de várias despesas dos clubes, como transporte, hospedagem, alimentação e arbitragem. Sem esse apoio, certamente os clubes não conseguiriam participar do Estadual. Precisamos agora criar estratégias de fortalecimento e organização dos clubes, para que andem com suas próprias pernas, diminuindo a dependência do poder público.
FCG- Quais são os projetos da Fundesporte para colocar o MS no circuito nacional de outros esportes coletivos e individuais?
MM- Mato Grosso do Sul tem um sério problema de falta de infraestrutura esportiva em praticamente todos os municípios. Os ginásios estão sucateados, não temos piscina nem pista de atletismo oficial… Isso impede trazer para cá grandes eventos a nível nacional, mas estamos fazendo o que é possível. Já está certo a vinda do Brasileiro Universitário, em junho, do Rally dos Sertões, e do Open de Vôlei de Praia. Estamos dando todo apoio às federações que pretendem sediar jogos nacionais.
FCG- E o esporte comunitário, de lazer ou de base? Quais as propostas da fundação para focar os jovens e produzir novos talentos?
MM- A base do esporte brasileiro é sem dúvida o desporto escolar. Nesse sentido o governo do Estado já vem fazendo profundas modificações nos jogos escolares. Colocamos todas as crianças em hotéis, criamos o centro de convivência para a vivência de atividades educacionais e culturais durante os jogos e mudamos a forma de disputa, onde todas as equipes jogam até o ultimo dia, valorizando a participação de todos. A partir deste ano, a FUNDESPORTE, articulada com a Secretaria de Educação de MS, mudou a política esportiva escolar e lançou um programa para sistematizar e valorizar as aulas de treinamento da Rede Estadual de Ensino, com o Programa Escolar de Formação e Desenvolvimento Esportivo de MS para fortalecer as competências e estimular as potencialidades dos alunos-atleta, além de preparar os mesmos para uma melhor qualidade de vida, sempre à luz dos pilares da educação e valores olímpicos e paralímpicos. Temos certeza que será uma grande rede esportiva que contribuirá para a formação integral dos alunos e para o surgimento de novos talentos.
FCG- Como estão as negociações para trazer novamente o Circuito de Vôlei de Praia para Campo Grande?
MM- Houve um pedido pessoal do governador Reinaldo Azambuja à direção do Banco do Brasil e a Confederação Brasileira de Vôlei solicitando que MS seja sede novamente do Circuito Open de Vôlei de Praia. É uma batalha, já que todos os estados pleiteiam o Open. Mas já temos informações que dificilmente não seremos sede, pois, além do apoio do governador, nós fizemos em 2016 a melhor etapa, tanto de público como de organização. Provavelmente teremos em outubro nossos medalhistas olímpicos, bem como a elite do vôlei de praia novamente nas areias do parque das Nações Indígenas.