Wilson Aquino (*)
Há muito tempo a própria sociedade concluiu que a ociosidade, especialmente entre jovens, pode ser extremamente prejudicial ao desenvolvimento físico e mental das pessoas. Tanto é verdade, e grave, que criou um velho ditado de que “Mente vazia é oficina do mal”. Então, é preciso que família e poder público criem saudáveis alternativas no “habitat” dos nossos jovens para que não sejam doutrinados pela marginalidade.
Os crescentes e incontáveis casos de violência registrados em Mato Grosso do Sul e no Brasil envolvendo jovens e adolescentes, em todo tipo de crime, alguns com elevado requinte de barbárie que superam qualquer imaginação sobre os limites de crueldade a que o ser humano pode chegar, nos tem remetido a reflexões sobre as possíveis causas desse estado de coisas que nos chocam, nos entristecem e nos dão um parâmetro do quão distante estamos de uma elevada evolução para alcançarmos melhores condições de vida em comunidade.
Seria muito fácil, diante desse quadro, apontarmos apenas para a família a responsabilidade da educação e orientação desses jovens para que não enveredem para o caminho do vício, da marginalidade, que pode leva-los para o mundo do crime, da bandidagem.
Mas não seria justo. A família não pode assumir sozinha essa responsabilidade, que também é da sociedade, das nossas autoridades constituídas. Especialmente nossos representantes do Executivo, Legislativo e do Judiciário, que nem sempre cumprem fielmente com suas obrigações, de nos proporcionar uma sociedade justa e equilibrada. Pelo contrário, muitos nos dão péssimo exemplo quando se envolvem em roubo de dinheiro público; atos de corrupção; legislação em causa própria e outros crimes e absurdos que testemunhamos todos os dias pelos meios de comunicação.
Estudos a respeito do assunto inexistem, mas não há dúvida de que todos esses escândalos que colocam o Brasil no centro do maior escândalo de corrupção da história da humanidade influenciam, sim, de maneira muito negativa, no comportamento e formação, principalmente, dos nossos jovens.
Todos os dias assistindo exemplos de autoridades criminosas que saem impunes por intermédio de jogadas e forças políticas, e até a justiça, que deveria ser uma imponente barreira a esses crimes, se dobra à vontade de quem tem dinheiro, de quem tem o poder. Nossos jovens, paulatinamente, são doutrinados de maneira errônea de que é esse o caminho do sucesso.
Qual a influência na sociedade da impunidade ou a simples morosidade de se fazer justiça contra criminosos que nos governam e que deveriam ser exemplos de lisura e moralidade? Não há dúvida de que as consequências são graves, ainda mais se considerarmos um País em crise, que demitiu nos últimos anos mais de 15 milhões de trabalhadores jovens e pais de família.
Mas cabe ao próprio povo reverter esse quadro, começando com os processos eleitorais, não vendendo seu voto, fazendo boas escolhas, procurando separar o joio do trigo e mostrando mais indignação com as coisas erradas, principalmente nas esferas administrativas do País.
Outra forma eficaz na diminuição da ociosidade dos nossos jovens é por intermédio da educação, que deveria ser em tempo integral, com boas e confortáveis escolas, e professores bem alicerçados, intelectual e financeiramente, para exercer bem esse papel.
Somente por intermédio da educação o Brasil alcançará o tão sonhado desenvolvimento e se tornará uma grande potência mundial.
Nas escolas, e paralelo a elas, deveriam ser criados maiores espaços para as práticas esportivas e de lazer.
As poucas áreas públicas com infraestrutura para o esporte e lazer nas cidades é outro grave problema da sociedade brasileira. Salvo raríssimas exceções, nossos bairros e vilas não estão preparados administrativamente pelo poder público (prefeituras e governos estaduais e da União) para retermos nossas crianças e jovens em atividades físicas saudáveis. Quando muito, aparecem aqui ou ali, uma quadra de voleibol, de futebol, e só.
Seria necessário um grande projeto modelo para a vida esportiva e de lazer nos bairros e vilas das cidades brasileiras onde não faltariam materiais esportivos, com orientadores e estímulos às competições amadoras, favorecendo e incentivando a participação da família. Isso certamente mudaria o rumo! Tiraria sim pessoas da ociosidade, colocando-as sob novas e saudáveis perspectivas de vida, e o mais importante: longe, bem longe da marginalidade.
E por último, e o mais importante meio de evitar que nossos jovens se percam na vida, coloca-los, desde pequeninos, no caminho que Deus deixou para todos nós: O caminho do amor, da alegria, da bondade, do perdão, do trabalho honesto e da verdadeira felicidade e salvação. O caminho que Seu filho, Jesus Cristo, morreu para que o pudéssemos trilhá-lo.
Jornalista e Professor (*)