* Por Silvio Andrade
Líder estudantil nos anos 2000, bacharel em Direito pela Uniderp e empresário bem sucedido no setor do agronegócio, o campo-grandense João César Mattogrosso é um dos nomes fortes na disputa por uma cadeira da Câmara Municipal. Ele decidiu disputar estas eleições a convite do governador Reinaldo Azambuja e representa o resgate da boa política que a população hoje tanto clama, depois do revés que a Capital sofreu nestes últimos quatro anos com o desgoverno, a incompetência o descontrole da dupla Bernal e Olarte.
João César, 32 anos, quer fazer da velha política a boa política, onde o mandato popular está acima das vaidades pessoais e das benesses que o poder pode oferecer, com foco no bem-estar do cidadão. “Campo Grande clama por políticos que realmente entendam as necessidades e os anseios de sua gente. E é com planejamento e estratégia, pensando no presente, que podemos enxergar um bom futuro e resgatar os valores morais, éticos e honrosos que hoje andam esquecidos”, diz ele em entrevista exclusiva à FOLHA DE CAMPO GRANDE.
Mesmo com a família muito ligada às questões políticas, João César quer caminhar com as próprias pernas e fazer a sua história em benefício de sua cidade. Afirma estar grato por todo apoio que vem recebendo do seu partido e das coligações e preparado para exercer o seu papel político com honestidade e dedicação. “É hora de deixar de pensar ‘no meu’ e começar a pensar ‘no nosso’, em nossa sociedade”, pontua. “Juntos podemos chegar mais longe”.
FOLHA DE CAMPO GRANDE- Qual sua participação nos movimentos estudantis de Campo Grande?
JOÃO CÉSAR- Nós iniciamos em 2002 na faculdade, logo no primeiro ano já participamos da chapa do DCE (Diretório Central dos Estudantes). Em 2004 entramos como vice na Uniderp e nesse período, dentre vários trabalhos e projetos, o principal que destaco, que é desfrutado até hoje, é o estacionamento gratuito das agrárias. Lembro que tentaram cobrar o estacionamento, fizemos uma movimentação dentro da universidade e conseguimos reverter. Também participamos da CODEJUVE, Coordenadoria Estadual da Juventude de MS; tínhamos também o grupo da aliança universitária, união de todos os DCEs de MS, até 2006.
FCG- Militante desde jovem na política, o que o motivou a candidatar-se a vereador nestas eleições?
JC- Na verdade, desde pequeno tive essa vontade, sempre como liderança em sala de aula, na faculdade. Em 2000, iniciamos nossa caminhada na política partidária ao lado do Youssif Domingos, o qual acompanhei até 2010. A partir desta época até hoje tenho acompanhado o governador Reinaldo Azambuja, não com cargo ou função, mas participando de todas as campanhas eleitorais e fazendo política todos os dias. A política temos que fazer todos os dias.
FCG- Como vê hoje o cenário político nacional, estadual e também de nossa Capital?
JC- No âmbito de Brasil, vejo um momento muito complicado, com crise econômica e política, mas, por outro lado, também um divisor de águas depois do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Depois de tudo que tem acontecido, a política nacional vai começar a sofrer algumas mudanças positivas, a começar pela participação das pessoas e segmentos, que abandonaram os políticos por descrença. Acredito que com essa onda também de corrupção, o brasileiro vai começar a participar mais, cobrar mais, fiscalizar. E é isso que o País precisa para recuperar suas instituições. Em nível regional, o governador Reinaldo Azambuja tem desempenhado um bom trabalho. Começamos a acreditar que com pessoas sérias e comprometidas a política tem jeito. Quanto a nossa cidade, infelizmente, nesta legislatura que se encerra no fim do ano, quem saiu perdendo foi Campo Grande em função dessa briga entre Legislativo e Executivo. A população, que não tem nada a ver com isso, foi a mais prejudicada. Tivemos também escândalos de corrupção, mas acredito que a população também tem parte de culpa por tudo que está acontecendo. Claro que os políticos são a causa disso tudo. Faço esse comparativo entre população e políticos colocando minha empresa como parâmetro, onde tenho 130 funcionários, nos quais confio em todos, porém conferindo, acompanhando, fiscalizando todos os dias. Se não fizer isso, a empresa vira uma bagunça. É preciso ter controle. Na política não é diferente. Grande parte da população não sabe o papel do vereador, não lembra em quem votou, o que é um absurdo. Quando você vota, está confiando naquela pessoa que poderá ajudar seu bairro, sua região, até para cobrar depois. Até para decidir se vale a pena reelegê-lo. Não valeu, vamos substituí-lo. Como a população quer que os políticos sejam pessoas do bem se não está fazendo o seu papel de cidadão? Se hoje temos políticos e empresários presos e envolvidos, não é por conta do Sérgio Moro ou da Paula Volpe, mas sim porque a população entendeu seu papel e foi para as ruas reivindicar, chega de corrupção, um basta. Acredito que nestas eleições que estamos participando somos até cobaias do novo sistema de política, que precisa ser assim. As pessoas precisam saber o papel do vereador, fazer boas escolhas. Eu tenho falado nas reuniões que me coloco como uma pessoa preparada, e de fato estou preparado para estar representando. Temos outros bons nomes disputando estas eleições. Campo Grande não precisa de um bom vereador, mas de 29. Tem reunião que peço votos para colegas meus. Precisamos fazer a boa política, e a boa política se faz com pessoas de bem e com a participação da população.
FCG– De que forma é possível reverter essa falta de comprometimento do eleitor com a política e os candidatos eleitos?
JC- Não é fácil, mas é uma dose de cada coisa. Acho que temos que ter uma dose mínima de participação da população nesse momento, buscando bons nomes. É preciso esse comprometimento, se dedicar a participar. E os bons nomes eleitos que entrarem (na Câmara) precisam mostrar que realmente estão entrando para fazer a diferença, de fato; precisam resgatar a confiança da população, mostrando trabalho e dedicação.
FCG– Qual sua concepção em relação a esse novo jeito de fazer política?
JC- Na verdade, a nova política que queremos nada mais é do que a velha política, com a participação popular, os políticos presentes nas regiões de Campo Grande, com honestidade, mostrando trabalho, fazendo o papel do bom político. Infelizmente, ao longo do tempo, os políticos perderam a sua essência, estão entrando na vida pública atrás de uma profissão, de uma remuneração, para resolver a vida deles. Quando, na verdade, a política é uma função, e que deveria ser uma das funções mais nobres do ser humano, quando você deixa de pensar apenas em si e começa a pensar em prol da comunidade. A nova política que temos debatido e queremos resgatar nada mais é, na realidade, a velha política, com honestidade, comprometimento, resgatando princípios e valores que, ao longo dos anos, foram deixados e esquecidos para trás.
FCG- Quais são suas propostas se eleito vereador?
JC- A principal é fiscalizar o Executivo, seja ele do meu partido ou não. Legislar em prol da comunidade, atendendo as demandas da população. Lógico que não conseguiremos resolver todos os problemas, mas eu preciso mostrar à população que falta de vontade e trabalho não vão existir. Um projeto que tenho destacado e a população tem gostado é o de aproximação da população com o vereador, por meio de um aplicativo para celular que estamos desenvolvendo. Por este aplicativo, as pessoas vão estar participando do meu mandato. Todas as indicações enviadas para nós serão apresentadas e a população acompanhará passo a passo o seu trâmite, a partir de apresentadas. No caso de propostas de projetos de lei, podemos extrair boas ideias. A população vai saber se foram acatados, se juridicamente são viáveis e depois seu andamento até aprovação. Queremos fazer um mandato participativo, como representante da população, e transparente. As pessoas vão acompanhar o que estamos fazendo ou não. Existe vereador que está me chamando de louco se fizer isso, vou arrumar dor de cabeça. Mas louco eu seria de aceitar o convite do governador para participar destas eleições, para me eleger, se Deus quiser, e fazer do meu mandato aquilo que a grande maioria está fazendo. Estamos entrando, justamente, para mostrar que, com comprometimento e vontade política, a política voltará a nos orgulhar.
FCG– Como o senhor vê hoje o papel que a Câmara está desempenhando?
JC- Vejo com alguns vícios. Primeiro, a grande maioria, entra com apoio de algumas pessoas e acaba ficando refém de grupos, de empresas, e isso é uma coisa muito complicada. Tenho debatido muito que hoje a população da nossa cidade e do Brasil inteiro precisa de políticos preparados e independentes financeiramente. Infelizmente, o jogo lá dentro (da Câmara) é complicado e se a pessoa não tiver preparo e sua independência é seduzida a entrar em um mundo que, infelizmente, levou o Brasil para a lona. Além disso, por conta dessa briga entre Legislativo e Executivo, a população saiu perdendo. Precisamos entender que a partir de 2 de outubro os adversários políticos devem se tornar parceiros. Estamos numa disputa com mais de 600 candidatos a vereador e quinze a prefeito. E os eleitos devem entender que na Câmara não estão defendendo apenas uma bandeira, um partido, mas defendendo Campo Grande e sua população. Seja prefeito do meu partido ou não, eu sendo eleito preciso entender que fui eleito para ajudar Campo Grande e não um nome ou partido. É preciso passar por esta consciência.
FCG– Acredita que a próxima Câmara terá uma responsabilidade muito grande em função da crise administrativa de Campo Grande?
JC- Toda nova Legislatura carrega consigo uma responsabilidade muito grande. Nesta atual, foi a primeira Legislatura com 29 vereadores. Eu acho que não deveria ter aumentado, pelo menos demonstrou que foi horrível. Com 21 vereadores tinha muito mais trabalho. O reflexo recairá, na realidade, sobre esta próxima Legislatura, porque a população está muito mais atenta ao trabalho dos vereadores. Eu apostaria numa renovação de pelo menos 70% na Câmara. E espero que as pessoas que entrarem, onde me incluo, entendam que a população quer tudo aquilo de diferente do que foi apresentado nesta Legislatura que está se encerrando.
FCG– Quais as principais metas que o prefeito eleito deve priorizar diante desse caos administrativo que assola a nossa Capital?
JC- A próxima prefeita, na verdade, que será a Rose Modesto se Deus quiser, deve, de início, acabar com essa briga entre Legislativo e Executivo, para que possa ter uma base fortalecendo seu governo. Deve mostrar para a população que, a partir de agora, a prefeitura terá uma equipe preparada para colocar Campo Grande de volta no rumo do desenvolvimento e do crescimento, o que, ao longo destes quatro anos, infelizmente, fomos na contramão completamente. Os princípios básicos da gestão da Rose, fundamentados no ‘Pensando Campo Grande 2’, levarão em conta a análise das reclamações da população, onde a principal é ainda a saúde, depois segurança, asfalto e saneamento. Eu colocaria um item lá na frente, antes de qualquer coisa, que é a educação. Uma população mais instruída é uma população menos insegura, mais saudável. Eu preservo muito o preventivo; acho que o preventivo será mais barato do que o curativo.
FCG- A Rose Modesto representa a grande mudança para Campo Grande?
JC- A Rose representa a mudança que temos hoje no Estado com a excelente administração do governador Reinaldo Azambuja, que tem nos demonstrado estar preparado e com uma equipe afinada, colocando Mato Grosso do Sul como destaque no cenário nacional. Enfrentamos uma crise econômica e financeira, com a maioria dos estados atrasando folha de pessoal, sem dar aumento. Aqui, as coisas estão caminhando bem com os ajustes e a seriedade da sua gestão, pagando salários em dia, discutindo planos de carreira, investindo muito na saúde. Como também o ‘MS Seguro’, que até 2018 vai investir R$ 100 milhões na segurança. E a Rose tem participação direta e ativa nisso. Fez um excelente trabalho na secretaria de Assistência Social, onde um diagnóstico criterioso demonstrou que muitas pessoas do Vale Renda não deveriam receber o benefício, economizando assim R$ 19 milhões, que foram revertidos em investimentos em outros setores, como a ‘Rede Solidária’, aumentando de R$ 500 mil para R$ 4 milhões os repasses para as entidades assistenciais. Ela representa e faz parte desse novo momento do Estado. E é esse trabalho, essa visão administrativa, que queremos para Campo Grande. Uma Capital que nunca teve maus prefeitos. Infelizmente, nestes quatro anos Campo Grande confundiu a popularidade de um cidadão (Alcides Bernal) com a capacidade de gestão. Perdemos um grande locutor para ganhar o pior prefeito que a cidade já teve.
FCG– Quais suas considerações finais?
JC- Espero que, nesta curta caminhada, a gente consiga transmitir a nossa ideia e propostas para a população. Preparei-me para isso, estou há 16 anos me preparando para este momento. Muita gente às vezes acha estranho: “quem é esse jovem?”, “como está crescendo sua campanha!”. Sempre apostei numa coisa, e aposto até hoje: nos amigos e no fazer bem. Estou colhendo tudo aquilo que plantamos ao longo destes 16 anos com muita amizade e muita gratidão, e hoje as pessoas estão me retribuindo. Espero estar tocando as pessoas em nossas reuniões e ter passado não apenas a ideia do João César, mas, principalmente, a importância delas nesse movimento, nessa mudança que todos nós queremos para a política. Digo sempre que essa mudança inicia dentro de cada um de nós. Tenho deixado uma pergunta para a população refletir e para sua consciência responder: todos têm reclamado da política e dos políticos, mas e você? O que tem feito para mudar a política de sua cidade? Eu resolvi fazer o meu papel, sair da cadeira, mesmo sendo muito difícil. Seria muito mais fácil ficar na minha vida privada, onde temos nossa indústria, sou bem visto e bem recebido, e passar para o mundo político, onde as pessoas te julgam por isso e aquilo. Pensei muito antes de encarar o convite do governador, mas aceitei porque as pessoas de bem precisar participar do processo, sair do comodismo e deixamos aqui o nosso nome à disposição. Aquelas pessoas que acharem que a gente possa ser seu representante, pedimos não apenas o voto, mas o apoio. É uma campanha muito curta, onde a gente precisa contar com os amigos e amigos dos amigos.