Depois do sucesso na TV da série “Rondon, o Grande Chefe”, a história de um dos maiores herois brasileiros chega à telona. Dia 1º de Setembro estreia nas salas de cinema de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso o longa“Rondon O Desbravador” estrelado por Nelson Xavier, no papel de Rondon, e Marcos Winter interpretando o antropólogo Darcy Ribeiro.
A obra audiovisual, com distribuição da Europa Filmes, é uma deliciosa oportunidade para conhecer um importante capítulo da história brasileira e principalmente do nosso Estado. Mistura ficção e realismo para recriar um período de desenvolvimento do Brasil e da região Centro-Oeste do país.
No início do século XIX, Rondon percorreu extensas áreas e fez história ao desbravar o interior do país e fazer contato com diversos grupos indígenas, entre eles terenas, guaicurus e bororos. O filme mostra as conquistas de Marechal Rondon no âmbito da expansão das linhas telegráficas e de seu papel como protetor da cultura indígena.
A história é contada a partir de um encontro fictício entre Rondon e um jornalista, vivido por Rui Ricardo Diaz, que é recebido na casa do Marechal e sertanista Cândido Mariano Rondon para uma entrevista. Na obra cinematográfica, o Marechal narra aventuras e lembranças de sua luta para garantir a convivência pacífica entre índios e brancos e preservar a natureza, ao atravessar terras desconhecidas para abrir estradas e expandir o telégrafo no Brasil.
As histórias contadas em “Rondon O Desbravador” são resultado de uma década de pesquisa, com entrevistas e acesso a arquivos históricos. Assim, as cenas que narram os feitos de Marechal Rondon são bastante fieis à história real, como enfatizou um dos diretores do longa, Marcelo Santiago.
É oportuno ressaltar que durante as expedições, Rondon descobriu e nomeou rios, montanhas, vales e lagos, mapeou regiões. Uma série de trabalhos científicos foram realizados e, até hoje, são de grande importância em áreas diversas como a cartografia, botânica, geologia, zoologia, antropologia e etnografia de populações indígenas e sertanejas.
O produtor e diretor Rodrigo Piovezan, destacou que a vida de Rondon é uma grandiosa obra cinematográfica e que, em homenagem à ele, a primeira cena foi gravada no dia do nascimento de Rondon, 5 de maio. As locações tiveram participação do exército, de índios atores e índios nativos.
O diretor Marcelo Santiago lembrou que a cena mais difícil para ser rodada foi a da onça, por conta da complexidade técnica. Rondon, a onça e a paisagem foram filmados em separado e a montagem feita na ilha de edição.
Nelson Xavier disse que ficou orgulhosíssimo ao receber o convite para viver um heroi brasileiro e “poder contar a historia dele foi uma oportunidade única”, destacou.
O ator Marcos Winter lembrou do papel de Darcy Ribeiro na educação, de como ele serve de exemplo como ser humano e de que o mundo precisa de bons exemplos.
Curiosidade
A Estrada Parque (MS 182 e 228), no Pantanal, foi traçada por Marechal Rondon e inicialmente chamada de Rodovia da Integração, pois levou a rede de telégrafos até Corumbá. Em 1904, o sertanista construiu um posto em palafitas, às margens do Rio Paraguai, onde hoje fica o Porto da Manga (MS-228), denominado de “guarda fio”. Era um ponto de apoio de manutenção da rede telegráfica que cruzou o rio em direção a Corumbá.
No mesmo ano, instalou na cidade um posto telegráfico no histórico prédio hoje ocupado pela Ahipar (Administração da Hidrovia do Paraguai), na rua 13 de Junho, centro.
Quem foi
Nascido em Mimoso, hoje Santo Antônio de Leverger, Mato Grosso, no dia 5 de maio de 1865, Rondon teve seu nome indicado para o Prêmio Nobel da Paz em 1957, por conta do trabalho em prol da defesa dos direitos indígenas.
Aos 42 anos, ainda major, foi nomeado pelo então presidente Afonso Pena como chefe da Comissão de Linhas Telegráficas Estratégicas de Mato Grosso ao Amazonas (CLTEMTA). O objetivo da comissão era expandir o poder e a presença do Estado por regiões ainda inexploradas. O telégrafo conectaria cada recanto da nação e, para isso, Rondon percorreu o sertão desconhecido, as chamadas “terras de ninguém”, na maior parte, habitado por índios.
Conseguiu abrir estradas e expandir o telégrafo até as fronteiras com a Bolívia e Paraguai e ajudou a demarcar as terras indígenas. Em 1953, participou ativamente da criação do Museu Nacional do Índio, ao lado do antropólogo Darcy Ribeiro. Foi diretor do Serviço de Proteção ao Índio e idealizador do Parque Nacional do Xingu, sendo o projeto de criação do parque apresentado quando Rondon completava 87 anos e a inauguração só ocorreu nove anos depois, em 1961, três anos após sua morte.
Alçou o posto de marechal em 1955. Foi casado com Francisca Xavier, com quem teve seis filhas e um filho. Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 19 de janeiro de 1958.