Descendente de migrantes que deixaram Catolé do Rocha, na Paraíba, e vieram na década de 1950 para ajudar a desenvolver o então Mato Grosso, o conceituado médico Renato Santiago, 38 anos, ingressa na vida pública nesse momento conturbado da política nacional e sul-mato-grossense para disputar a prefeitura de Terenos, município distante 25 km de Campo Grande, pelo PSDB,com grandes chances de se eleger.
“A gente se entristece com tudo isso que está acontecendo no País e mesmo aqui no nosso Estado, com Coffe Break e Lama Asfáltica, mas acho que as pessoas de bem devem se posicionar sim, ingressar na política e lutar por mudanças. Eu estou muito animado, com vontade de trabalhar e acho que podemos fazer acontecer e ter êxito lá na frente”, diz Renato, em entrevista exclusiva à FOLHA DE CAMPO GRANDE.
Casado com Renata Rezende, professora de educação física, o candidato da coligação Todos por Terenos tem formação em clínica geral pela Gama Filho (RJ) há seis anos. Apoiado por dez partidos (SD, DEM, PTB, PSC, PRP, PV, PPS, PSL, PSB e PTC), Dr. Renato tem muitos planos para fazer de Terenos um grande polo industrial e cinturão verde, focado na qualidade de vida das pessoas e na gestão com responsabilidade.
FOLHA DE CAMPO GRANDE – O que o levou a entrar na política e disputar a prefeitura de Terenos?
Renato Santiago: “Fui indicado pelo PSDB e disputo minha primeira eleição. Resolvi ser candidato porque eu acho que as pessoas de bem, que tem capacidade, que pensam em projetos visando e olhando as pessoas, deve sim entrar na política. Sei que estamos passando por um momento de crise política, moral e financeira, mas eu enxergo o município de Terenos com um potencial enorme de crescimento e, a partir do momento que resolvi entrar para disputar o pleito, pensei num plano de governo voltado para a nossa realidade, buscando alavancar ainda mais o nosso município”.
FCG – O que o senhor pensou para Terenos, qual sua plataforma de governo?
Renato – “Pegamos cada pasta da administração municipal e delineamos o que podemos fazer, pensando em projetos e ações de curto, médio e longo prazos. Com o pé no chão, com muita responsabilidade e vontade, sabendo que hoje você tem que fazer muito com pouco. Na saúde, por exemplo, vamos criar uma equipe que vai prestar atendimento médico na zona rural, onde não tivermos unidades básicas de família. São vários assentamentos, como o Sete de Setembro, Sertaneja, Nova Aliança, Ouro Branco e São Pedro. Faremos as consultas ambulatoriais, onde não necessitar de maior complexidade vamos levar a equipe até lá, o agente de saúde vai avisar a comunidade da localidade da ação, e naquele dia faremos acompanhamento de uma gestação, puericultura (acompanhamento e crescimento da criança), diabetes, saúde do idoso, saúde da mulher, enfim, um atendimento de rotina, com a mesma qualidade que fazemos dentro das unidades na cidade. Com isso, vai facilitar a vida das pessoas, evitar deslocamentos e tirar o excesso que hoje existe dentro do posto central. E o que for de maior complexidade, vamos encaminhar para a unidade central ou, se necessário, para Campo Grande. Vamos tratar com qualidade pessoas que moram no município.
FCG – Quais suas prioridades na saúde?
Renato – Terenos é uma cidade que teve um desenvolvimento muito grande, de uma década para cá, ela quase dobrou a população – de 11 mil para quase 20 mil. Então, quando você cresce, desenvolve, a demanda cresce também. Um das metas que pretendemos implantar, se Deus quiser, é um centro cirúrgico para que possamos realizar nossas cirurgias eletivas. Tínhamos uma fila de quase 200 pessoas que estavam sendo encaminhadas para Campo Grande e reconheço as dificuldades, porque os municípios pequenos, por falta de estrutura para realizar esse tratamento, mandam seus pacientes para a Capital e a fila acaba não andando e as pessoas demoram ser atendidas. Tenho certeza que se colocarmos aqui um centro cirúrgico, numa parceria com o governador do Estado, que se comprometeu a nos ajudar, vamos operar por semana quatro pacientes, num mês, 16, e noano, 192. Então, vamos zerar a nossa fila e tirar esses 200 pacientes também da fila de Campo Grande. É um projeto audacioso, que vamos concretizar. Hoje temos atendimento de várias especialidades, na ortopedia, cardiologia, ginecologia, pediatria, psiquiatria e também um técnico ultrasonografista. Temos que estar sempre pensando e tentando andar na frente da demanda, com planejamento e seriedade. Tenho certeza que vamos conseguir prestar um bom atendimento, como a população de Terenos merece.
FCG – Nas demais áreas, quais as ações estratégicas que pretende implementar se eleito?
Renato – Nosso município é atípico, Terenos hoje tem mais gente no campo do que na cidade, são 58% da população morando na zona rural. São pequenos produtores, aqueles que realmente fazem a agricultura familiar, pessoas estas que querem trabalhar. Nesse planejamento que fiz para o futuro governo, quero fazer uma política voltada efetivamente para a agricultura familiar. Mas quero fazer isso com muita responsabilidade, cautela, de forma planejada, montando parcerias com a Agraer, chamando também outro grande parceiro, que é o Senar, e também o Sebrae. Quero implantar esse programa da seguinte forma: hoje o que é consumido em Campo Grande, 80% vem de fora do Estado, na parte de hortifruti. Nós temos aqui, como exemplo, só na região do distrito de Campo Verde, pelo menos 1.500 famílias assentadas. Ali temos gente boa, que quer trabalhar e terra muito fértil. Vamos dar condições de estas pessoas produzirem, formando nessa região um cinturão verde para abastecer grande parte da Capital. Mas isso tem que ser feito com muita seriedade. Não adiante só colocar o produzir se não tiver meios de escoamento, temos que buscar o mercado para esse produto. Vamos fazer passo a passo, ampliando paulatinamente o número de família, sabendo que o produtor vai produzir e ter onde escoar. Tenho certeza que dessa forma vamos melhorar a qualidade de vida das pessoas com geração de renda.
FCG – O campo tem muito a contribuir com o desenvolvimento local?
Renato – Outro potencial muito grande é a bacia leiteira, temos que ampliar a produção. Hoje temos um laticínio com capacidade para processar quase 1 milhão de leite por dia, mas vem processando bem menos que isso e buscando matéria prima até fora do Estado para poder manter a unidade em funcionamento. Quero realizar parcerias público-privadas para melhorar a genética do nosso rebanho leiteiro e aumentar os nossos implementos agrícolas para ajudar o produtor a garantir alimentação na época da seca. Nosso objetivo é triplicar ou quadriplicar a atual produção leiteira, e vamos colher bons frutos também nesse segmento produtivo.
FCG – O senhor pretende criar uma política de incentivos à indústria?
Renato – Eu considero Terenos um bairro de Campo Grande, estamos muito próximos. Sempre brinco que se uma pessoa sair das Moreninhas e pegar trânsito, eu chego mais rápido na Capital. Então, hoje temos que criar uma política de incentivo para que os empreendedores enxerguem aqui o potencial que temos para instalar industriar, mostrando que a logística é a mesma, pois estamos próximos do Anel Viário. Esse incentivo seria na parte do nosso polo industrial, com doação de terreno, e também fiscal, porque o empresário quer ter um benefício para investir e gerar emprego. Cada emprego direto, acaba gerando três indiretos, fomentando o comércio local com o aumento de consumo. Essa política de incentivo, além de movimentar e fomentar a nossa economia, vai gerar empregos. Quando conseguirmos ampliar a bacia leiteira, com certeza o frigorífico também vai contratar mais. Para cá viemos muitas indústrias nos últimos anos, o laticínio, temos fabricas de gesso e de vidros temperados, hoje está se instalado a DHL, uma empresa alemã que vai prestar logística à ADM, no distrito de Indubrasil. Então, com incentivo uma política séria, pretendemos mostrar que somos um município viável, que existe potencial para o investidor se manter aqui com boa logística e faturamento, com a ajuda e parceria do poder público.
FCG – Quais suas metas para a educação?
Renato – Uma coisa que me orgulho muito de falar e quero continuar com o mesmo comprometimento que vem das últimas administrações, que é a nossa educação. Temos uma educação que vem colhendo frutos. Porque na educação para você colher resultados demora gerações, desde aquela criança que entrou lá na pré-escola e vai chegar ao nível superior. Terenos, há alguns anos, era uma cidade onde o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) era de 3,3, vergonhoso. Foi feito um planejamento, com a secretaria de Educação mobilizando as pessoas, desde o professor, diretor, coordenador e o porteiro das escolas, e foi feita uma política realmente séria, e hoje Terenos tem o segundo melhor IDEB do Estado, de 6,7. É um orgulho muito grande. Hoje temos vários estudantes que fizeram aqui o ensino básico e hoje a Pvão de ônibus para fazer faculdade em Campo Grande. Sinal de que estamos colhendo bons frutos e quero continuar esse viés de crescimento e avaliação do IDEB. Se hoje somos segundo, quero chegar em primeiro, ao nível de uma escola particular em Campo Grande. Acho que com uma política bem feita você consegue, realmente, mudar qualidade de vida das pessoas, acredito muito nisso.
FCG – O esporte também terá vez na sua gestão?
Renato – Com a ajuda de minha esposa, que trabalha com o esporte, vamos valorizar, apoiar e correr atrás de projetos também nessa área. Terenos foi contemplado com três grandes projetos federais aprovados para 2017, os quais pretendemos priorizar em nossa administração e, com isso, dar qualidade vida ao nosso jovem, ao idoso. É uma área que quero fazer muito, pois temos que cuidar dos nossos jovens, tira-los das ruas, das drogas e alcance das mãos de pessoas que não são do bem. Quero olhar com muito carinho para o esporte, para a cultura e o lazer do nosso município.
FCG – Terenos é um município viável administrativamente?
Renato – Mesmo com grandes dificuldades, o nosso município vem conseguindo manter fornecedores em dia, salários dos servidores em dia, fazendo obras. Hoje estamos passando por um recapeamento asfáltico de quase toda a cidade, foi concluída a obra de um polo esportivo no bairro Santa Mônica. Vai ser realizada a cobertura de todas as escolas municipais, urbanas e rurais. Com dificuldades, porém com seriedade, fazendo muito com pouco, como já disse, você consegue, sim, melhorar a qualidade de vida das pessoas. E eu tenho certeza de uma coisa: com o apoio do governador Reinaldo Azambuja, que vem se mostrando um excelente gestor, e de toda a nossa bancada federal e estadual, Terenos não vai parar não e todos juntos vamos vencer estas eleições”.
FCG – O senhor fala em gestão enxuta, isso o motivou a sua candidatura? O senhor estreia na política mostrando otimismo.
Renato – É um grande desafio, com certeza, mas quando você pega uma administração que, com muita responsabilidade, chega ao fim do mês e honra todos os compromissos, me encoraja sim. Tudo que realizei na minha vida procurei me preparar bastante, e agora, que estou ingressando na vida pública não será diferente. Estou procurando aglutinar forças políticas, correr atrás de parceiros para conseguir concretizar todas as ideias e projetos para Terenos, com muita seriedade, pé no chão e responsabilidade, porque é isso que a política exige hoje. Aqueles que não trabalharem dessa forma vai acontecer o que acontece hoje no nosso País, não vão se perpetuar, a própria população vai ser o juiz. Estou com o pé no chão e muita vontade de fazer o melhor para a nossa cidade.
FCG – Qual a base política que o acompanha nessa caminhada?
Renato – São pessoas que acreditaram no nosso projeto, vão nos ajudar também, colocar suas ideias, para que possamos construir um grande governo, e lá na frente quem ganha com isso é a população. Temos o apoio de todos os vereadores que buscam a reeleição e de toda a bancada estadual, principalmente do deputado Beto Pereira, e da deputada federal Tereza Cristina, e do nosso governador Reinaldo Azambuja. Tenho certeza que vamos conseguir viabilizar muita coisa para Terenos.
FCG – Qual sua avaliação da gestão do Reinaldo Azambuja?
Renato – Primeira coisa, um governo de muita responsabilidade. Ele foi considerado o governador que mais cumpriu promessas de campanha. Isso é muito relevante, na atual situação em que o País se encontra atolado em uma crise financeira, onde o Estado continua recebendo investimentos, o programa Obra Inacabada Zero, a Caravana da Saúde, um projeto fantástico que zerou a fila de pessoas que esperavam uma cirurgia por décadas. É isso que quero levar comigo, um governo de responsabilidade, olhando para as pessoas. O governador está de parabéns. Tenho certeza que agora, quando ele conseguiu colocar a casa em ordem e administrar com mais tranquilidade, os municípios vão receber muitas obras e investimentos.
FCG – Suas considerações finais?
Renato – “Quero agradecer a oportunidade da FOLHA DE CAMPO GRANDE ao abrir espaço para falarmos de nosso projeto para Terenos, e também dizer a nossa população que venho com projeto sério. Acredito que o nosso município tem potencial para continuar crescendo muito mais e podem ter certeza de uma coisa: eu estou com as mangas arregaçadas e vou trabalhar diuturnamente para que as coisas realmente aconteçam. Vou defender Terenos onde estiver”.