A primeira sessão para debate do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff foi aberta pontualmente às 8h55 (Brasília) pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Os deputados já estão organizados dos dois lados do plenário para assinar as listas de inscrição para falar no sábado. Nesta sexta falarão acusação, defesa e representantes dos 25 partidos. No domingo, ocorrerá a decisão sobre a abertura ou não do processo.
Mais cedo, deputados do governo e da oposição se aglomeraram nas duas entradas do plenário para ter o direito a falar nas sessões. O primeiro a chegar foi o petista Jorge Solla (BA). Ele diz que chegou às 6h da manhã e que fez o esforço para garantir a possibilidade de se expressar sobre o que chama de “golpe”.
“Fui o primeiro a chegar porque quero garantir minha oportunidade de expressar minha posição contra o golpe. Vim cedo porque pode ser que parte dos oradores da lista não consiga falar – disse Solla.
Vanderlei Macris (PSDB-SP) foi o primeiro oposicionista. Ele chegou às 6h45, quando já haviam sete governistas, e ouviu piadas dos adversários. “Eles ficaram brincando comigo que iam ganhar porque já estava 7 a 1 na fila”, conta o tucano.
O clima foi amistoso, enquanto as filas ainda estavam misturadas. Por volta das 7h, os funcionários da Casa informaram a separação aos deputados. Os favoráveis ao impeachment entrarão pela porta principal, enquanto os contrários ficarão na porta privativa dos deputados. Por volta das 8h, os servidores abriram o plenário para que os deputados possam aguardar para se inscrever dentro deste local. A divisão permaneceu. Os deputados de oposição se posicionam do lado direito e os defensores da presidente do lado esquerdo. Numa tentativa de evitar prejuízos, os deputados fizeram listas prévias de inscrição para respeitar a ordem de chegada.
Telões
O jurista Miguel Reale Jr. já chegou. Será apenas ele a falar pela acusação. Pela defesa, deve ser o advogado-geral da União, José Eduardo cardozo. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também já chegou ao plenário e disse que a sessão seria iniciada pontualmente.
Apesar de a fila ser nesta sexta, a fala dos que nela estão só ocorrerá no sábado. Somente neste dia os 513 deputados terão a oportunidade de falar por três minutos de acordo com a ordem de inscrição feita nesta manhã. A lista será encerrada às 11h. Caso todos se inscrevam, serão mais de 25 horas de debates. Nesta sexta, participarão apenas os representantes indicados pelos 25 partidos. Após os autores da denúncia contra a presidente e a defesa de Dilma falarem, cada legenda terá uma hora para expor seu ponto de vista. Em todas as sessões os líderes poderão usar da palavra de 3 a 10 minutos, de acordo com o tamanho das bancadas.
Cunha decidiu exibir imagens das manifestações externas que ocorrerão no domingo em dois telões dentro do plenário da Casa enquanto nos deputados votam o impeachment. Para justificar a instalação de telões, uma ideia que estava sendo veiculada entre deputados de oposição ligados a Cunha, o órgão diz que o impacto que o processo de impeachment está provocando na sociedade “não é leve, nem trivial”, mas “algo solene que o parlamentar precisa refletir”. E que foi o avanço tecnológico que permitiu esse tipo de contato entre o parlamentar e as ruas. (O Globo)
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