Donald Trump esquivou de fazer diagnóstico sobre uma possível recessão e disse que mudanças que está implementando levam tempo.


O dólar subiu mais de 1% e o Ibovespa recuou nesta segunda-feira (10/03), em sessão marcada com perdas generalizadas nos mercados globais com o temor de possível recessão nos Estados Unidos, após o presidente norte-americano Donald Trump declarar não descartar essa possibilidade.
Trump minimizou as oscilações do mercado em relação à política tarifária em curso, em entrevista exibida no canal Fox News no domingo (09/03). O republicano se esquivou de fazer um diagnóstico sobre uma possível recessão e disse que as mudanças que está implementando levam tempo.
A divisa norte-americana encerrou com perda de 1,13%, negociada a R$ 5,854 na venda.
O Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, fechou com queda de 0,41%, aos 124,519 mil pontos.
Por volta do mesmo horário, o índice Nasdaq, que reflete as ações das principais empresas relacionadas ao setor de tecnologia, recuava 3,9%. Já o S&P 500 tinha queda próxima de 2,6%, enquanto o Dow Jones tinha baixa de 1,9%.
“As moedas emergentes e os ativos de risco em geral estão sendo liquidados diante da possibilidade de recessão nos EUA. Junto à fragilidade das questões domésticas, o real se destaca como uma das alternativas mais vulneráveis em períodos de estresse”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.
Temor de recessão
Dados e resultados de pesquisas recentes que vieram mais fracos do que o esperado e de maiores incertezas sobre os planos tarifários — e seus impactos — reacenderam temores de desaceleração da maior economia do mundo.
Na sexta-feira (7), o relatório de emprego de fevereiro já havia acendido um alerta entre investidores, com os EUA registrando a criação de 151 mil postos de trabalho no mês passado, de 125 mil vagas em janeiro, em dado revisado para baixo. Em pesquisa da Reuters, havia previsão de abertura de 160 mil empregos.
Os agentes financeiros também vinham demonstrando pessimismo com várias pesquisas recentes que relataram uma deterioração da confiança e das perspectivas econômicas de consumidores e empresários, em meio às crescentes tensões comerciais provocadas pelas ameaças tarifárias de Trump.
Agentes financeiros ainda demonstram cautela ao tentar projetar os próximos passos do Federal Reserve (Fed) em seu ciclo de afrouxamento monetário, à medida que uma série de relatórios têm mostrado sinais de desaceleração da economia norte-americana.
Na sexta-feira, em discurso em uma conferência, o chair do Fed, Jerome Powell, disse que o banco central será cauteloso para ter certeza de que sabe o que está acontecendo no país, sem necessidade de apressar qualquer corte nos juros.
Operadores continuam apostando em três cortes na taxa de juros pelo Fed neste ano, com a retomada das reduções prevista para junho.
Brasil
Já no cenário doméstico, a preocupação do mercado continua sendo a trajetória das contas públicas, com investidores receosos sobre quais medidas o governo pode adotar para reduzir a inflação dos alimentos e responder à queda recente de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O governo anunciou na semana passada que vai zerar a alíquota de importação de vários produtos, incluindo carne, café, açúcar e milho, entre outros, como parte de uma série de medidas para reduzir os preços de alimentos.
Em relação a projeções, analistas consultados pelo Banco Central em sua pesquisa Focus voltaram a subir a expectativa de inflação para 2025, com a mediana do levantamento agora mostrando alta de 5,68%, ante ganho de 5,65% na semana anterior.
Na frente de dados, os mercados analisarão nesta semana dados de inflação ao consumidor tanto nos EUA como no Brasil, com a divulgação de ambos na quarta-feira.
“Após números de inflação ao consumidor (nos EUA) piores do que o esperado em janeiro, o relatório de fevereiro será altamente significativo para avaliar se o processo de desinflação estagnou ou se o pico de janeiro foi uma distorção sazonal”, disseram analistas do BTG Pactual em relatório.
Qualquer resultado que destoa das expectativas de economistas pode alterar significativamente as apostas de operadores sobre a trajetória dos juros no BC e no Fed, o que impacta diretamente nos mercados de câmbio.
*Com informações da Reuters e CNN Internacional