Senador alerta sobre mudanças negativas na saúde e apoia redução de preços dos alimentos proposta pelo Governo
O senador Nelson Trad Filho esteve visitando a sede da Folha de Campo Grande e falou sobre dois assuntos importantes relacionados a saúde e economia.
Nelsinho ressaltou sua preocupação com a consulta pública 144 aberta pela Agência Nacional de Saúde (ANS), que finaliza agora no mês de fevereiro e que privilegia as empresas de Planos de Saúde, sugerindo o encurtamento da faixa etária para o rastreamento mamográfico, tão importante para prevenção e detecção do câncer de mama precoce. A proposta da ANS é alterar o rastreamento para ser iniciado a partir dos 50 anos. Apesar do assunto agora estar restrito aos planos de saúde, o senador reafirmou sua preocupação caso seja alterada esta regra, pois as pacientes do SUS podem ser afetadas a curto prazo com a mesma restrição, já que um precedente na redução da faixa etária de rastreamento ficará aberto caso realmente ocorra aprovação desta consulta pública.
FOLHA DE CAMPO GRANDE –De que forma a consulta pública 144 da ANS, com relação a mudança da faixa etária das mulheres para o rastreamento do câncer, se aprovada pode impactar a saúde das mulheres?
NELSON TRAD – Este rito passa por uma consulta pública e descobrimos que estava aberta a consulta pública no site da ANS para saber se a população era ou não a favor de permitir que apenas a partir dos 50 anos as mulheres tivessem acesso aos exames preventivos de mamografia, não mais aos 40 anos como é hoje. Achei a princípio que fosse fake news, pois dentro da Agência de Saúde tem médicos, assim como eu sou também. E nós, médicos, sabemos que de 40 a 50 é uma faixa etária que abriga a incidência de 40% do câncer de mama e 22% destas mulheres vão à óbito. Agora imagina você, se retirarmos o direito desta faixa etária… Este índice de morte vai aumentar bastante.
Exerço a medicina há quase 40 anos como Urologista e ressalto que a prevenção é um mecanismo de economia dentro da saúde, porque o tumor sendo detectado na fase inicial produz menos complicações de quando é descoberto já numa fase de terço final de evolução, onde já ocorre metástase e tem que ser realizada, além da cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia. Creio que dificilmente essa proposta vai prosperar no Congresso Nacional. Eu votei, participei lá e conclamei os meus seguidores a rejeitar esta proposta.
FCG – Senador e médico, o que o Sr. propõe para que a ANS aprimore a política de prevenção ao câncer de
NT –Se eu pudesse propor alguma coisa à Agência Nacional de Saúde, em vez de ficar trazendo propostas ruins para a população, que ela incremente cada vez mais ações preventivas. Isso gera economia. É aquele velho ditado popular: é muito melhor prevenir do que remediar. Além disso, salva vidas.
FCG -Falta mobilização da sociedade para que a medicina preventiva deixe de ser conduzida apenas pelo poder público?
NT – Todas as vezes que tem um mês com uma cor, outubro rosa (câncer de mama), novembro azul (câncer de próstata), qual é a finalidade? É conscientizar mais a sociedade como um todo, a classe médica, o pessoal da saúde, a população para ter a iniciativa de buscar o seu exame. Então, esse é o caminho. Agora, se você coloca uma dificuldade na questão de limitar a idade acima de 50 para essas pessoas, penso que perde até sentido os programas de prevenção. As entidades que cuidam da prevenção das doenças estão todas alvoroçadas contra esta proposta da ANS. A população tem que ficar atenta, tem que cobrar do seu agente político, seja um deputado federal, um deputado estadual, um vereador, um senador, uma senadora… Contate o seu parlamentar, que você tem acesso, e peça para ele se posicionar contra esta matéria, porque isso vai ser um grande retrocesso para a saúde pública do Brasil.
FCG – O Governo Federal anunciou que vai baratear o preço de alguns alimentos. É possível que isso ocorra sem contrariar a liturgia do mercado e das inconstâncias climáticas?
NT – Sobre a economia atual do país e a proposta do Governo Federal em baratear o preço de alguns alimentos, sou a favor de todas as medidas que possam ser adotadas para melhorar a vida da população, independente de qual partido que apresente a sugestão. Isso tem que ser buscado entre situação e oposição. Tem que deixar de lado um pouco a questão da polarização política.
Trazendo essa realidade aqui para Mato Grosso do Sul, Campo Grande atualmente lidera com o maior percentual de alta nos alimentos das capitais brasileiras. É uma situação que não está boa. Nossa geração se acostumou a não conviver com a inflação. As medidas que vierem a favor de baixar o custo dos alimentos, no primeiro momento, têm que ser bem-vindas e acolhidas, porque isso reflete diretamente na dona de casa que vai lá fazer a compra do mês no mercado.
NT – É preciso diálogo entre os setores envolvidos e deliberação com urgência. Não adianta você ver os preços dos alimentos continuarem subindo e você querer compensar isso com outra situação a não ser baixar os preços. Não tem outra alternativa. O poder de compra vem a partir do momento que aquilo que você vai comprar está barato. Então, a gente tem que focar em envolver a frente da agricultura no Congresso, que é muito forte, pegar as pessoas experientes, como a ex-ministra Tereza Cristina, como o próprio ministro Fávaro, que são pessoas que dialogam, sentar numa mesa e falar o seguinte: o preço dos alimentos está muito caro, o que podemos fazer para baixar?
FCG -Qual a expectativa para 2025 com relação a retomada das atividades no Congresso, Câmara Federal, Assembleia e Câmara Municipal?
NT – 2025 é um ano que antecede as eleições gerais. Nós vamos ter eleição para presidente da República, nós vamos ter eleição para governador, para senadores, são duas vagas para senadores, deputado federal e deputado estadual. Então, é um ano de ajuste, é um ano em que a gente vai olhar o tabuleiro político, do xadrez político e a cada peça que se mexe, você tem que fazer a mexida de outra. É um ano de muita tensão, do radar ligado 24 horas. E eu quero aqui convidar a população a participar do nosso mandato. Nosso mandato é conhecido como portas abertas. Eu, quando me elegi senador, disse que não teria nenhuma dificuldade para as pessoas acessarem o meu gabinete, tanto aqui no escritório de Campo Grande, quanto em Brasília. Então, fica aqui o convite aproveitando esse canal de comunicação tão importante que é a Folha de Campo Grande.