“Obra bem feita não cai. Obra com engenharia e qualidade não cai”. Estas palavras sentenciosas foram pronunciadas em julho de 2016, quando o então governador Reinaldo Azambuja entregava uma nova ponte de concreto sobre o Rio Santo Antônio, em Guia Lopes da Laguna. A anterior, inaugurada em 2012, desabou menos de quatro anos depois, sob o efeito das primeiras chuvas.
Quem fez errado tem que devolver o dinheiro, além de responder civil e criminalmente, reforçou Azambuja. Ele e os que assim pensam estão cobertos de razão. Ou todos continuaremos assistindo pela TV reportagens com imagens dramáticas como a queda da Ponte Juscelino Kubitscheck de Oliveira, entre o Maranhão e o Tocantins, no domingo passado (22). Até ontem (29), 11 mortes haviam sido confirmadas, enquanto outras pessoas desapareceram no rio.
Segundo José Góes, doutor em Comunicação e Sociabilidade, a questão pode ser entendida com a frase que é um dos credos da engenharia: nenhuma ponte se ergue da noite para o dia. Ele afirma que o mesmo vale para explicar quedas e desmoronamentos. “Tudo é resultado de um processo de acertos e de falhas. Por exemplo, não são raras as contratações para obras em que há esquema de vantagem para contratados e contratantes, dizendo claro, de corrupção. Sim, a ponte a ser construída começou a cair aqui”.
Não há como negar a assertiva deste jornalista acreditado e experiente. As pontes começam a cair quando todo seu processo de construção anda por caminhos viciados desde o início. É um contexto que vem das combinações político-empresariais, da valoração de custos, da elaboração dos editais e da convocação licitatória. E continua nos circuitos pertinentes de execução da obra, da aferição de sua qualidade técnica, material empregado e, por fim, da fiscalização de seu funcionamento.
Há gigantescas pontes seculares ainda de pé, construídas em lugares dos mais inóspitos e em tempos que não contavam com os moderníssimos recursos tecnológicos de hoje. São travessias que se alongam sobre rios e despenhadeiros, oferecendo segurança a quem nelas trafega porque passam por metódica, minuciosa e sistemática fiscalização. A qualidade do material e sua capacidade para suportar diferentes impactos são elementos que podem ser conferidos e medidos cientificamente, hoje, com precisão.
Porém, o Brasil vê um cenário preocupante e desolador com as pontes que caem e levam vidas humanas de roldão. É preciso punir responsáveis e excluir do ambiente político, governamental e financeiro os aproveitadores de ocasião, os incompetentes e os mestres que dispensam o concreto e o aço na obra para fazer pilastras de jabaculê.