Não importa quem dá o abraço ou quem perdoa, assim como não importa quem se deixa abraçar e quem precisa de perdão. O que importa é que cada um de nós – seja qual for a condição social, econômica, política, ideológica, cultural, racial, nativa ou religiosa, empregador e empregado – cumpra suas responsabilidades com o mundo em que vive.
É um mundo que precisa de paz, de justiça, de tolerância, enfim, de amor, liberdade e respeito. Um mundo que necessita ser redefinido por habitantes colaborativos entre si. E o Brasil, que faz parte deste mundo, é típico exemplo das demandas que se impõem a cada dia: guerras, nações sem direito à autodeterminação, agressões à natureza, preconceito, ódio e desmedidas ambições.
As recentes informações sobre a existência de um plano tenebroso para degolar a ordem democrática, por meio da eliminação de dirigentes legítimos das instituições que a compõem e dela fazem a guarda, trouxe uma sensação terrível e angustiante de desalento. Isto, com a chegada do Natal e do Ano Novo, contraria tudo que se refira a cristianismo, a amor, a renascimento, a esperança.
Não só as pessoas situadas neste nicho da ambição sem limites ou da fulanização da moral e dos escrúpulos, mas as instituições que vêm pela contramão da ética e da responsabilidade também estão passando da hora de repensar quem são, o que fazem, para que servem. E mergulhar em uma profunda autocrítica, reinventando-se e resgatando-se ante os esperançosos brasileiros e brasileiras, perplexos com tantos golpes contra sua fé e os seus sonhos legítimos.
Um dia, são operações desmontando esquemas de corrupção e outros malfeitos nos tribunais, órgãos com a atribuição de absolver os inocentes, punir os culpados e garantir o triunfo da verdade e da justiça. Noutro dia, são investigações policiais descobrindo maquinações subterrâneas para a prática de agressões à democracia e às pessoas.
E é muito doloroso, para todos os brasileiros, saber que uma de suas mais queridas e respeitadas instituições, o Exército, permitiu-se manchar pela ação deletéria de um grupo – minoritário, é verdade, mas estrelado e incentivado pela total liberdade que teve de seus comandos para tramar contra os legítimos dirigentes e o próprio País.
Assim como as cortes julgadoras que cumprem com honradez e espírito republicano suas missões institucionais, o Exército e as Forças Armadas, como um todo, não podem ser jogados na vala em que cabem somente aqueles que o desonram. As armas oficiais do Brasil são leais à bandeira e à inscrição soberana da ordem e do progresso, merecem todo o respeito e apoio da sociedade, porque não faz parte da turma que sai de seu território de claridade constitucional para agir nas sombras.
O Exército não é a escuridão.