Com as eleições municipais encerradas, restam agora à população e aos dirigentes partidários analisar e avaliar o que disseram seus números e quais os sentimentos que expressaram. Na contabilidade matemática, fria e imutável, os partidos que saíram no lucro são, em primeiro lugar, o PSD, e em segundo o bom e velho MDB.
Mas o PP, o União Brasil, o PL e o Republicanos também deram o ar de sua graça, obtendo bons desempenhos nas urnas no quadro nacional. Há ainda o contexto estadual. Ambos os cenários, a partir de agora, constituem o principal caldo de cultura para as leituras e o posicionamento estratégico das forças políticas.
Antes mesmo de fazer a arrumação da casa para 2026, os partidos, os eleitos e os seus condutores precisam preparar desafios que estão batendo à porta, entre os quais as eleições para presidência do Senado, da Câmara dos Deputados, das Câmaras Municipais e Assembleias Legislativas. Todos, cada um no tamanho de seu alcance, são processos que acabam desaguando nas disputas pela presidência da República e governos estaduais.
Em Mato Grosso do Sul, um fenômeno das urnas continua sendo o PSDB. Só aqui em Mato Grosso do Sul, com a conquista de 44 prefeituras, é o partido a ser batido na próxima – isto é, se sobreviver ao derretimento nacional, aguçado pela sofrível classificação neste pleito: ficou em 8º no número de prefeituras, colado ao 9º colocado, o PT, outra agremiação que perdeu o antigo e generoso oxigênio eleitoral.
Não por outro motivo, tornam-se inevitáveis alguns desdobramentos e conjecturas. O governador Eduardo Riedel tem portas abertas no PSD e outras siglas, enquanto o ex-governador Reinaldo Azambuja deve estar já de mala e cuia para adentrar no PL, devidamente municiado pelo convite do ex-presidente Jair Bolsonaro. Certamente, se isto ocorrer, os fiéis das duas maiores lideranças tucanas seguirão seus líderes.
Existe também a previsão de uma redução na planilha de partidos com aptidão jurídica e eleitoral. Calcula-se que, em virtude da pressão dos resultados deste pleito, algumas siglas tendem a desaparecer, diluídas pela inexpressividade de sua aceitação pela sociedade. Com isto, dificuldades e desafios novos surgirão em 2026.
Se por exemplo o número de partidos cair para menos de 15 ou de 10, cada um poderá lançar até 25 candidatos a deputado (a) estadual e 09 a federal. A disputa majoritária também se estreitará, o que complicará mais a sobrevivência das agremiações menores. Porém, este seria um desdobrar saudável, exatamente porque fecharia o caminho das legendas de aluguel, preservando aquelas que têm programas, ideário e disciplina.
Por fim, há que ser ressaltada a grande vitória das forças alinhadas à direita e ao centro. A esquerda, que tem o PT como parâmetro, não soube ou se esqueceu de como dialogar com a sociedade, falhou na comunicação interna e externa e tornou-se, mais do que antes, dependente da presença e do peso político, eleitoral e social do presidente Lula. Isto, agora, é pouco.