Justiça condena advogados por atuarem como “pombos-correio” do Comando Vermelho em presídios de MS
Nove pessoas, incluindo quatro advogados, foram condenadas por envolvimento com o Comando Vermelho em Mato Grosso do Sul. A sentença, proferida pelo juiz Eduardo Eugênio Siravegna Junior, da 2ª Vara Criminal de Campo Grande, encerra a primeira fase da Operação Bloodworm, deflagrada pelo Gaeco em maio de 2023.
O advogado Márcio Alex Baptista de Campos foi sentenciado a 5 anos, 7 meses e 20 dias por organização criminosa e 3 anos de reclusão por associação para o tráfico. Preso por outro processo, ele vai cumprir a pena em regime fechado.
As advogadas Camilla Moura da Rosa Lyvio, Hariadiny Halessa de Almeida Lobato e Isabella Patrícia Miranda Silva (de Dourados) foram condenadas, cada uma, a 5 anos, 7 meses e 20 dias por organização criminosa. Elas vão cumprir a pena em regime semiaberto.
Marido de Isabella, Renan Maycon Carneiro da Silva foi condenado a 3 anos de reclusão em regime aberto por associação para o tráfico. O juiz rejeitou a denúncia contra ele por organização criminosa e substituiu a pena restritiva de direitos por prestação de serviços à comunidade e multa de um salário mínimo.
Também foram condenados Alex Sandro Aguiar Duarte (5 anos, 5 meses e 10 dias em regime fechado), David Wilians Rossi (4 anos e 8 meses em semiaberto), Nelson Cordeiro Júnior (6 anos, 6 meses e 27 dias em regime fechado) e Pabilo dos Santos Trindade (5 anos, 7 meses e 20 dias em regime fechado). –
A investigação, que teve início em 2021, revelou uma complexa rede de crimes, que envolvia advogados atuando como “pombos-correio” para a facção criminosa dentro dos presídios, facilitando a comunicação e a organização da quadrilha.
De acordo com a sentença, os advogados Márcio Alex Baptista de Campos, Camilla Moura da Rosa Lyvio, Hariadiny Halessa de Almeida Lobato e Isabella Patrícia Miranda Silva foram condenados por organização criminosa e associação para o tráfico. Eles utilizavam seus conhecimentos jurídicos e suas relações para auxiliar a facção a se estruturar nos presídios de Mato Grosso do Sul.
Camilla Moura, filha de uma policial penal, chegou a utilizar a senha da mãe para acessar informações sigilosas do sistema penitenciário, o que facilitava ainda mais as ações da organização criminosa. Já Hariadiny Halessa era responsável por viabilizar a comunicação entre os membros da facção e a gestão do dinheiro da organização.
Além dos advogados, outros cinco homens também foram condenados por integrar a organização criminosa. Entre eles, estão policiais penais que facilitavam a entrada de produtos ilícitos nos presídios.
A condenação dos envolvidos representa um duro golpe para o Comando Vermelho em Mato Grosso do Sul. A operação desarticulou uma célula da facção criminosa que atuava nos presídios do estado, enfraquecendo sua estrutura e dificultando suas ações.
A investigação da Operação Bloodworm continua em andamento. O Gaeco segue investigando outros membros da organização criminosa e buscando desmantelar completamente a estrutura da facção no estado.