A campanha do segundo turno está em andamento e toda a opinião pública quer saber quem vai apoiar quem, especulando sobre o trânsito de partidos e candidatos que não avançaram para o segundo turno em Campo Grande. Em princípio, pela ótica recorrente do eleitorado, não haverá nesta disputa uma aguda polarização ideológica entre a prefeita Adriane Lopes (PP) e a ex-deputada Rose Modesto (União Brasil).
Não é tão difícil conjecturar ou prever para onde vai a maioria dos partidos diante dos dois palanques. Há posições sobejamente conhecidas e previsíveis – contudo, o que mais interesse a todos que acompanham ou estão dentro do confronto é saber que apito vai tocar o maior partido de Mato Grosso do Sul.
O PSDB, do candidato Beto Pereira, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno, decidiu-se pela neutralidade, com a ressalva dos dirigentes assegurando a liberdade de escolha de cada filiado. Na entrevista em que anunciou a sua neutralidade, fazendo contundentes reparos ao conteúdo das propostas de Adriane e Rose, o deputado Beto Pereira citou, com absoluta propriedade, duas questões que deram a ele e ao partido o melhor norte: a coerência e os princípios.
A coerência reside nos fatos que eclodiram em momentos críticos da campanha, como no episódio em que o tucano sofreu agressões covardes e acusações sem provas. Àquela altura, subindo nas pesquisas, ele já havia feito críticas ácidas às duas competidoras. Tão ácidas que tornariam quase impossível tomar hoje uma decisão contrária à neutralidade ou até mesmo apoiar uma das duas.
Coerentes, o candidato e seu partido não enxergaram no conteúdo programático da prefeita e da ex-deputada qualquer sinal concreto de identificação com o ideário do PSDB. Se as alianças e apoios entre gente civilizada e de princípios fortes impõem ingredientes comuns para atingir objetivos comuns, seria incoerência e oportunismo bandear-se para um palanque sem qualquer identificação política ou conceitual. E princípio não se mercantiliza, não se compra na feira, nem se acha no armazém de secos e molhados.
De parabéns, portanto, quem neste segundo turno não fugiu de suas responsabilidades e não traiu seus princípios, recusando-se a fazer acordos de mera conveniência. Quem não entrou nesse bonde, perdeu o rumo e o destino.