Duas onças-pintadas foram levadas para um hospital especializado em animais silvestres, em Campo Grande. Um terceiro felino recebe tratamento no Instituto NEX, em Goiás
Nos últimos seis dias, agentes e pesquisadores salvaram três onças-pintadas dos incêndios que já destruíram 1,8 milhão de hectares, no Pantanal. A terceira, foi resgatada na região da fazenda Caiman, em estado crítico de saúde e com queimaduras de segundo grau nas patas.
A onça foi resgatada no dia 15 de agosto, também na região de Miranda. As informações foram divulgadas nesta terça-feira (20).
Segundo o Onçafari, o felino foi batizado de Itapira, que tem apenas 2 anos.
Conforme os pesquisadores, a onça foi encontrada sozinha e deitada em uma área destruída pelo fogo, com queimaduras mais aparentes nas patas traseiras e com desidratação.
Devido o estado de saúde da onça, o animal precisava de um tratamento intensivo e foi encaminhado para um santuário de preservação de onças, no instituto Nex no Extinction, em Corumbá de Goiás.
Resgatadas nos últimos seis dias, as onças-pintadas Miranda e Antã, feridas pelas queimadas no Pantanal, seguem em recuperação no Hospital Veterinário Ayty, em Campo Grande. De acordo com o Governo do Estado, a unidade é referência no tratamento de animais silvestres em toda a América Latina.
O tratamento dos felinos envolve pomadas especiais para as patas, sessões de ozonioterapia e laser para a cicatrização dos ferimentos.
Antã foi a segunda onça-pintada resgatada, com queimaduras de terceiro grau e comprometimento pulmonar – podendo a causa ser inalação de fumaça -, neste fim de semana, na região do Passo da Lontra, no Pantanal de Miranda (MS). O felino é um macho, de 75 kg.
Segundo o Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap), a onça batizada de Antã, palavra em tupi-guarani que significa “forte”, foi encontrada no sábado (17). O felino foi resgatado com a mobilização de militares da Polícia Militar Ambiental (PMA), uma lancha e uma viatura para auxiliar os veterinários.
Veterinários afirmam que Antã requer uma maior atenção, por estar mais debilitado. “Ele está com crepitações [som semelhante ao chiado] no pulmão que acreditamos ser causado pela inalação da fumaça de algum incêndio. É partir desses exames que vamos verificar a real situação do Antã”, explica a coordenadora do Ayty, a veterinária Aline Duarte.
Miranda
Miranda, a primeira onça-pintada resgatada, foi encontrada com queimaduras de segundo grau nas patas e com lacerações pelo corpo, ao tentar fugir dos incêndios no Pantanal de Miranda (MS). O animal é uma fêmea e pesa 60 kg.
Aline Duarte, veterinária coordenadora do Ayty, explica que Miranda apresenta uma infecção provavelmente pelo ferimento nas patas, encontrada na análise sanguínea. Um ultrassom foi realizado e as informações preliminares apontam possíveis alterações renais e no fígado.
Ambos os felinos estão recebendo o mesmo tratamento com exames de sangue, ultrassom e raio-x e os veterinários esperam a melhora.
Outros animais resgatados
Desde o início da temporada de incêndios no Pantanal, em maio — que começou mais cedo do que o habitual devido ao tempo seco e às mudanças climáticas — até o domingo (11), foram resgatados 564 animais silvestres afetados pelo fogo. O número de animais mortos ainda não foi calculado.
Um estudo realizado por 30 pesquisadores de órgãos públicos, universidades e ONGs estimou que, em 2020, ao menos 17 milhões de animais vertebrados morreram em consequência direta das queimadas no Pantanal.
“A gente sabe historicamente quais são os grupos que mais sofrem. Os répteis e os anfíbios são os animais que mais morrem, eles têm a maior dificuldade de locomoção, então eles são os que mais sofrem”, disse o diretor do SOS Pantanal, Gustavo Figueiroa.
O biólogo conta que o cenário caótico provocado pelo avanço do fogo muda completamente o comportamento dos animais. Um exemplo foi de uma onça e uma jaguatirica dividindo a mesma manilha, para se protegerem das chamas, no Caiman.
“A gente sabe historicamente quais são os grupos que mais sofrem. Os répteis e os anfíbios são os animais que mais morrem, eles têm a maior dificuldade de locomoção, então eles são os que mais sofrem”, disse o diretor do SOS Pantanal, Gustavo Figueiroa.
O biólogo conta que o cenário caótico provocado pelo avanço do fogo muda completamente o comportamento dos animais. Um exemplo foi de uma onça e uma jaguatirica dividindo a mesma manilha, para se protegerem das chamas, no Caiman.