Na entrega da Medalha Helena Meirelles, deputado concedeu honraria à instrumentista Ivi Clavijo
O dom, a persistência, a coragem e outros atributos deram a Helena Meirelles os suportes fundamentais para enfrentar desafios impeditivos da época, como o preconceito e o machismo, conquistar seus espaços e tornar-se uma das mais emblemáticas instrumentistas brasileiras, com direito ao reconhecimento mundial. E sua história é um exemplo que se reproduz na vida de outras mulheres igualmente talentosas, que vêm abrindo caminhos e oportunidades no universo das artes.
Conhecedor da saga de Helena Meirelles e tendo a mesma linhagem pantaneira, o deputado estadual Paulo Duarte (PSB) fez uma homenagem marcante a esta constelação de estrelas femininas que acrescentam um realce especial ao brilho da música. Na terça-feira (13), por indicação sua, a pantaneira Ivi Rondon Clavijo, de 19 anos, nascida e criada em Corumbá, cidade natal do deputado, foi agraciada com a medalha e o diploma de honra ao mérito em celebração ao centenário de Helena Meirelles.
Foi uma noite de reconhecimento e celebração de 28 instrumentistas femininas de Mato Grosso do Sul, protagonistas de artes coroadas nos mais variados estilos e segmentos musicais. “Não é apenas um reconhecimento ou uma homenagem. Há simbolismo, sim, mas também é valorização da arte e dos artistas. Mais do que elogios e troféus, precisam de incentivo e de retribuição a que todo profissional faz sua arte para viver com dignidade”, disse Paulo Duarte.
PRECOCE
Ivi descobriu seu dom musical aos 7 anos, aprendendo Viola Caipira. Foi promovida aos ensinamentos da Orquestra Corumbaense de Viola Caipira de Corumbá, atuando em seus primeiros eventos regionais. Aos 9 anos, de forma autodidata, se dedicou a aprender violão. Aos 11 anos, se apresentou pela primeira vez cantando para o público no Festival da Canção de Corumbá. Já aos 13, passou também a compor.
Em 2020, com a música “S.O.S Pantanal”, cravou um forte apelo à conscientização pela preservação ambiental. A canção, composta por ela e sua mãe, ganhou o 1º lugar no Festival de Música Autoral de Mato Grosso do Sul (Fesmorena). Aprendeu a tocar sanfona, violino e piano. Ivi tem como estilo musical o sertanejo raiz, o sertanejo universitário, o chamamé, o rasqueado, o sertanejo latino. Já se encontrou com grandes artistas, como Tostão e Guarany, Maiara e Maraísa, Michel Teló, João Neto e Frederico, Almir Sater e Paulo Simões.
VIOLEIRA
A dama da viola, Helena Meirelles, que completaria 100 anos nesse 13 de agosto, saiu de casa muito cedo e casou-se três vezes. Mãe de 11 filhos, seguiu seu sonho de tocar nos bares e festas a polca paraguaia, rasqueado, chamamé, fandangos e outros ritmos derivados do sertanejo raiz, mas seu talento só foi descoberto pelo grande público aos 60 anos.
O reconhecimento veio depois que a revista norte-americana “Guitar Player” a escolheu como musicista revelação de 1993. Sua palheta foi, finalmente, posta ao lado de nomes internacionalmente famosos, como Eric Clapton, Jimmy Page e B.B King, entre os 100 melhores instrumentistas do planeta, divulgando o nome do Mato Grosso do Sul e os ritmos da terra para todo o mundo.