O tenente Randolfo Rocha está à frente da operação. Ele contou que o combate se torna mais difícil pelas características da região
Com oito equipes em campo, o Corpo de Bombeiros trava uma batalha contra os fortes ventos e características ímpares da região do Nabileque, que hoje concentra vários focos de incêndios no Pantanal. O trabalho intenso desafia as grandes chamas para evitar que elas se propaguem pelo caminho. São mais de duas semanas de ações durante o dia e à noite.
A região do Nabileque é próximo ao Buraco das Piranhas, ao sul da BR-262. Estão em campo equipes do Corpo de Bombeiros do Mato Grosso do Sul, com apoio da Força Nacional e bombeiros do Distrito Federal, em ação conjunta na região que fica a sudeste de Corumbá.
O tenente Randolfo Rocha está à frente da operação. Ele contou que o combate se torna mais difícil pelas características da região. “Aqui tem uma árvore chamada carandá, que é um coqueiro que quando pega fogo, as fagulhas vão por centenas de metros de distância, o que gera focos secundários, que ultrapassam nossos aceiros e linha de defesa”, explica.
Rocha destacou que os ventos fortes também ajudam na propagação do fogo. “Nosso foco era proteger a rodovia e o trilho do trem, agora com a progressão dos focos a estratégia é evitar a propagação para outras áreas”.
Os trabalhos têm o apoio dos fazendeiros locais e moradores que ajudam abrindo caminho com tratores, britadeiras e maquinários agrícolas. Também seguem em campo para ajudar a conter o fogo.
O local tem chamas altas, com vento forte nos últimos dias. “A ajuda dos bombeiros é muito importante e essencial, sem eles não teríamos o que fazer. Ajudamos no que for possível, com tratores e outras máquinas”, afirma João Luiz, que mora há 10 anos no Pantanal e trabalha na fazenda Alvorada.
A mesma avaliação faz Gilson Maldonado, que mora no Pantanal há 40 anos. “Infelizmente neste ano os incêndios começaram mais cedo, normalmente intensifica em agosto, mas piorou devido o tempo seco e falta de chuva”.
Ele ponderou que a ajuda dos bombeiros e do Estado faz a diferença. “Não tem o que falar de todo este esforço deles, são vários dias atuando dia e noite aqui na região”.
Ao longo do combate de quinta-feira (04), os bombeiros se empenharam em salvar as pontes, fazendo obstáculos naturais para evitar que os incêndios destruíssem as estruturas. O fogo se intensificou das 12h as 16h, exigindo um reforço nas atividades, em função da mudança do vento.
Apoio
Além dos militares da Força Nacional, o Governo de Mato Grosso do Sul recebeu apoio de bombeiros de outros estados, entre eles combatentes do Distrito Federal.
O sargento Felipe Inácio é um destes militares que estão ajudando na região do Nabileque. Ele afirma que nunca tinha enfrentado incêndios tão grandes e um desafio desta natureza.
“Cheguei na quarta-feira aqui na região e já fui para o combate a tarde e à noite. Enfrentamos grandes chamas e tivemos que optar pelo combate indireto, usando técnicas para tentar conter os focos”.
“O Pantanal é uma riqueza mundial. A maior planície alagada do planeta, com maior concentração de pássaros e uma vegetação ímpar. Um local que é muito difícil para fazer o combate, mas estamos nos empenhando”, completou.
O Pantanal de Mato Grosso do Sul tem 9 milhões de hectares, correspondendo a 65% do total da região pantaneira que ainda se estende ao Mato Grosso, Paraguai e à Bolívia. O bioma passa pela pior estiagem dos últimos 70 anos.