Prefeita ilusionista lança de novo investimento com desembolsos espetaculares e endividamento estranho
Na segunda-feira (1º), a prefeita Adriane Lopes (PP), em plena pré-campanha pela reeleição, fez mais uma vez o lançamento de uma obra que foi anunciada e retirada de cena a cada vez que eram questionadas algumas de suas viabilidades e metas. Uma das dúvidas era – e é – a área na qual as obras serão realizadas.
Indiferente aos questionamentos, para os quais não tinha respostas, a prefeita tirou a promessa do “jardim das ilusões” e agora tenta exibi-la no seu “país das maravilhas”. Fez um ato solene e festivo de lançamento e desfiou números tão espetaculares que não pareciam referir-se aos de uma gestão que não oferece aos pacientes uma frota de ambulâncias em idade útil, nem dipirona e vive diariamente com as filas dos postos no gargalo.
Disse a prefeita que o hospital, em sistema de pré-moldado, será no Bairro Cachoeira, com 15 mil metros quadrados. A área, ao que parece, será utilizada mediante locação. O hospital contará com 259 leitos, UTI adulta e pediátrica, 10 salas de cirurgia, 53 consultórios e 19 salas de exame.
O investimento previsto na construção é de R$ 210 milhões. A manutenção vai consumir R$ 20 milhões/ano e ficará a cargo da empresa que construir o prédio. A previsão de entrega é até julho de 2026. O tempo de contrato de aluguel ainda será determinado. As dúvidas se repetem e colocam por terra a euforia da prefeita.
Tão grave quanto esta piada de mau gosto é o aval dos vereadores adrianistas. Eles autorizaram um desembolso de R$ 5 milhões/mês para a empreiteira que construirá a obra – esse repasse, em 30 anos, atinge R$ 1,8 bilhão, cerca de nove vezes o valor do hospital de Adriane. Poderia ser pior. E é. Pasmem: o contribuinte vai pagar uma empreiteira pelo aluguel de um terreno que lhe pertence.
Os vereadores, contudo, autorizaram. Estão no mesmo bailado da prefeita em busca da reeleição. A Prefeitura não repassa em dia nem o que deve à Santa Casa, que atrasa os salários e vive sob ameaça de greve dos funcionários. Fazer as contas à luz da verdade não deve ser cômodo para a prefeita de uma cidade que tem orçamento anual de R$ 6 bilhões e vai sacar dos sangrados cofres públicos R$ 210 milhões para alugar uma obra.