Aproveitar as oportunidades pode indicar ações positivas ou não. O aproveitamento de chances é uma decisão que decorre do princípio, dos valores e dos conceitos, elementos éticos e morais que vão desaguar nos objetivos e resultados de quem vai decidir.
Sem credos filosóficos, e considerando o discernimento e a liberdade que cada pessoa tem, vamos raciocinar cuidadosa e criticamente como se dá o aproveitamento de oportunidades para embicá-lo na prática nefasta do oportunismo. Qualquer criança sabe que os oportunistas avançam sobre os direitos alheios e crescem tirando vantagens ilícitas das pessoas e das circunstâncias.
Na política e na gestão de Campo Grande há um exemplo nítido e incontestável desta maldita alquimia, que transforma o que é legítimo e bom em algo ilegítimo, mau e até pecaminoso, quando não criminoso. A falta de respostas convincentes da prefeita e de sua equipe à interpelação de uma vereadora que pediu informação detalhada sobre o destino dos R$ 158,7 milhões de suplementações orçamentárias é, no mínimo, suspeita.
A prefeita mandou sua secretária de Finanças à Câmara responder à enxerida vereadora. Foi evasiva. No ato seguinte, coube a outra secretária, a de Saúde, dar outra explicação ambígua, quase aleatória, atribuindo os desembolsos a uma necessidade de gastos excepcionais com pessoal que não tinham sido pagos no prazo em 2023.
Ora, a prefeita e qualquer uma de suas assessoras poderiam, e sem esforço algum, desmontar a vereadora, fazendo o que ela, pelo regimento, tinha solicitado: cópias de todos os empenhos relacionados às despesas de pessoal do Fundo Municipal de Saúde, com as respectivas liquidações e execução orçamentária, de 1º de janeiro de 2022 a 1º de junho de 2024. Isso tudo está no portal da prefeitura, no Diário Oficial e até no bolso da prefeita. Ou não?
Bem, a verdade é que com esta dúvida e as finanças locais indo para o ralo, a prefeita segue obcecada pela reeleição. Quer mais quatro anos. E mesmo com o calote nos servidores, Adriane acaba de anunciar apoio dos vereadores – seus fiéis – à realização de concurso para suprir deficiências de pessoal. Para agora, 2024, um ano eleitoral, quando estão vedadas certas práticas contaminadoras das eleições.
A oportunidade saiu de cena. Em seu lugar entrou outra protagonista, a aproveitadora de oportunismos.