Presidente da Câmara não cumpre liminar e pula as cercas da lei para decidir quem substitui Serra
A leitura dos princípios jurídicos e constitucionais que é feita por Carlão Borges (PSB) parece estar acima do entendimento e da sabedoria dos magistrados e do Poder Judiciário. É o que sinaliza o presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, ao não cumprir e ainda chutar para o alto a liminar expedida pelo Tribunal Regional Eleitoral determinando a investidura de Gian Sandim (PSDB) na vaga do vereador Claudinho Serra, que se licenciou após ser preso numa operação de combate à corrupção.
Carlão, além de vereador, é advogado. Todavia, está a indicar que não aprendeu tudo nos bancos acadêmicos e nas bancas profissionais. Não fosse assim, não teria decidido pela posse de outro suplente, Lívio Leite (União Brasil). Sandim ingressou com reclamação contra o presidente do Tribunal Regional Eleitoral, desembargador Paschoal Leandro, ao tornar sem efeito a liminar que suspendia a posse de Lívio Leite, despachando a decisão depois de o processo já estar protocolado na 2ª Vara de Fazenda Pública de Campo Grande.
No recurso, os advogados de Sandim arguiram a incompetência de um membro do TRE julgar demandas nesse território institucional. Carlão resolveu então entrar com pedido de suspensão da liminar do juiz Cláudio Müller Pareja, da 2ª Vara de Fazenda Pública, que sustou Dr. Lívio e determinou a posse de Sandim. Enquanto se desenrola a pendenga nos tribunais, começou a circular um despacho da juíza Sandra Regina Artioli, do TRE, desmentindo a informação de Carlão, segundo a qual a Justiça Eleitoral fechou questão a favor da vaga para Lívio.
A atitude de Carlão vem sendo comparada, por analogia ao que fez a prefeita Adriane Lopes (PL). Mesmo obrigada pela Justiça a fazer o repasse para pagamento dos adicionais de insalubridade à enfermagem, ela optou por fazer de conta que a Justiça é de araque e continuou sem cumprir a determinação para cumprir um direito legalmente estabelecido.