Desembargador teria conhecimento prévio de decisão que libertou o narcotraficante Gerson Palermo
Indícios de que o desembargador do Tribunal de Justiça (TJ/MS), Divoncir Schreiner Maran, tinha ciência prévia de que seria concedido o HC (habeas corpus) em favor do narcotraficante Gerson Palermo, foram encontrados pela Polícia Federal. E os indícios levantam a suspeita de que Maran soube disso antes mesmo de o pedido ser ajuizado e distribuído ao seu gabinete.
Esta informação está no despacho da ministra Maria Isabel Gallotti, do Superior Tribunal de Justiça (STJ, ao declinar competência do inquérito contra o desembargador e os filhos para uma das varas criminais da Justiça estadual em Campo Grande. O Ministério Público Federal (MPF) chegou a pedir o indiciamento de Maran – ex-presidente do TJMS e já aposentado -pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. No entanto, este pedido não foi analisado ainda.
Os advogados de defesa de Maran garantem que até agora só existem suposições exageradas e que o magistrado “sempre foi um julgador sério e cumpridor das leis”. Ele está sendo investigado pela concessão do HC que beneficiou o narcotraficante Gerson Palermo, condenado a 126 anos de prisão no regime fechado. Reincidente várias vezes, Palermo é um dos chefes do PCC. A liminar foi concedida em abril de 2020, no feriado de Tiradentes, sem exames médicos do criminoso nem consulta ao MPF.
A PF e o MPF entendem que “há claros indícios de cometimento de crime de corrupção e de lavagem de capitais, inclusive corroborados pelos elementos recém juntados aos autos”, frisou a ministra Maria Gallotti. “Segundo relatado, o Desembargador já sabia do habeas corpus que seria impetrado em favor do integrante do PCC”, prossegue a magistrada. Nas investigações informou-se que Fernando Carlana, assessor-chefe de Maran, orientou uma colega de trabalho sobre a decisão, orientando o atendimento ao pedido de HC antes de sua distribuição.