Ao contrário do que dizem por aí, um raio pode cair duas vezes num mesmo lugar. Na política, a reeleição atesta o contraditório deste ditado. O voto do eleitor é um raio que pode cair mais de uma vez, tanto reelegendo aqueles representantes que considera dignos de seu apoio, como tirando de cena os que lhe traíram a confiança.
Mais implacável e certeiro ainda é o voto do eleitor que, por confiar e reconhecer méritos de quem sai, endossa sua indicação para dar seu apoio ao indicado. Em Mato Grosso do Sul, apenas dois governadores fizeram nas urnas o seu sucessor. O primeiro foi Wilson Martins (MDB).
Eleito em 1982, nas primeiras diretas estaduais, ele fez de Marcelo Miranda o vitorioso de 1986. Mas, em 1990 Marcelo perdeu com Gandi Jamil, que era indicado por Wilson. Em 1994, Pedro Pedrossian lançou Levy Dias e não teve sucesso.
Wilson voltou ao governo em 1995 e em 1998 apadrinhou Gandi Jamil, que perdeu para Zeca do PT. O petista governou até 2006, quando lançou Delcídio Amaral e fracassou diante de André Puccinelli. Este, no segundo mandato, em 2014, lançou Nelsinho Trad e foi derrotado por Reinaldo Azambuja (PSDB).
Coube então a Azambuja interromper o ciclo de governadores que não conseguiram fazer o próprio sucessor. Em 2022, depois de oito anos de uma gestão que tirou o Estado de um imenso e profundo atoleiro e lhe devolveu a capacidade vencer crises e crescer, Azambuja indicou outro tucano, Eduardo Riedel.
Sem ter exercido qualquer função política e plasmado sua vida nas lides de empreendedor rural e funções de caráter técnico e administrativo, Riedel estreou na vida publica vencendo uma acirrada disputa pelo governo estadual. A mão de Azambuja estava alinhada com a vontade popular. Ele teve em Riedel a peça estratégica decisiva para garantir as soluções que fizeram de seu governo um parâmetro nacional de desempenho, soluções e competência.
Riedel não chegou por acaso, nem imposição. Seus predicados eram sólidos, embora sem a visibilidade midiática que é o cacife do político. E foi isso que Azambuja fez: simplesmente demonstrou à sociedade que não estava indicando um poste ou um garoto de recados, mas um homem de talento, responsabilidade e condições efetivas para governar o Estado.
Os méritos se dão a quem os têm.