O legítimo, democrático e até sagrado direito que assiste aos nobres vereadores campo-grandenses que querem se reeleger em outubro só poderá ser contrariado, coletiva ou individualmente, pelos julgadores soberanos de suas ações e omissões. Não cabe ao articulista sentenciar, a seu bel-prazer, qual o prêmio ou qual a punição a cada um dos 29 parlamentares que foram alvos da procuração da sociedade para representa-la.
Ir às urnas, no entanto, será um exercício crítico de avaliação, para o reconhecimento ou para decepção. À luz dos fatos e da realidade jurídica e constitucional, trata-se simplesmente de dar um voto que pode ser guiado por um favor pessoal, um carinho diferenciado, uma simpatia espontânea ou qualquer outra razão afetiva, política ou partidária.
Porém, diante desta mesma e implacável luz, os eleitores também irão se manifestar por outro motivo, o mais importante: será que aqueles em quem votaram honraram o juramento que fizeram na própria posse, de honrar o mandato e cumprir as atribuições que lhe cabem quais seja, as de fiscalizar o Executivo, legislar e fortalecer a democracia.
Entretanto, para que estes dois últimos itens fossem efetivamente atendidos, seria indispensável que o Legislativo cumprisse o primeiro. É a sua razão de ser. A Câmara tem que fiscalizar a Prefeitura. O Legislativo tem que fiscalizar o Executivo. O (a) vereador (a) tem que fiscalizar o (a) prefeito (a). Campo Grande não vê isto há tempos, sobretudo nos últimos sete anos.
Dizem as más línguas que a Câmara tornou-se um “puxadinho” da Prefeitura. Más línguas não serão, porque as más línguas mentem. E os mais de 950 mil habitantes da Capital não são mentirosos, nem são más as suas línguas.
Só não vê a verdade quem não quer. Ela está gritando na cara de todos. É folha secreta, é gente morrendo na espera de atendimento em posto de saúde, é empreguismo político, é farra com verba publica para financiar futuros cabos eleitorais, é abuso contra os trabalhadores, é desobediência à Justiça, é bairro esquecido, é povo humilhado.
Isto não é tudo. Mas já é o bastante para motivar a legião de eleitores que não votam por favor, agrado, tapinha nas contas, emprego pra filha, amizade ou cor da bandeira política. Vereador agora aparece sorrindo e contando que vai voltar. Será que chegou de ir algum dia? Voto é coisa séria. Ou se vota com a cidade ou se afunda om ela.