É inadmissível, é revoltante, é desumano que 33% dos moradores de Campo Grande, uma cidade com quase um milhão de habitantes, ainda não tenham a clara oportunidade de acesso à casa própria. A observação é do deputado federal Beto Pereira (PSDB), ao comentar a ausência de Campo Grande das mais de 2.330 unidades selecionadas em Mato Grosso do Sul para a próxima etapa do “Minha Casa Minha Vida”, programa do governo federal em articulação com estados e municípios.
“Não há como ignorar que faltou uma aproximação institucional e até política para construir as necessárias parcerias. E isto é falta de gestão, porque não tivemos nem uma proposta para concorrer à seleção prevista no programa” comentou. “E sem estar habilitado, fica muito difícil para o ente público local entrar em um processo que exige procedimentos específicos e competentes”, completou.
FAVELAS
O mais lamentável de tudo, segundo Pereira, é que com a cidade fora do mapa selecionado as famílias de baixa renda, as mais vulneráveis, vão continuar em sub-habitações, pagando aluguéis ou favelizadas. O deputado salientou que a questão das favelas é um dos dramáticos desafios que ainda permanecem sem resposta na Capital. “É preciso planejar, é preciso cuidar, é preciso tratar bem da cidade e dos direitos de quem vive e trabalha nela”, cobrou.
Em 2021, a Cufa (Central Única de Favelas) dava conta da existência de 38 núcleos habitacionais com esta classificação na Capital, abrigando 4.516 moradias em ocupações geralmente irregulares. Mais sete formações semelhantes estavam surgindo na época às margens dos córregos e outras áreas de alto risco. Para Beto Pereira, a prefeitura tem áreas públicas e um orçamento que pode oferecer contrapartidas interessantes em convênios e programas com o governo federal. “Mas é preciso fazer, agir, governar”, finalizou.