Quem leu e prestou atenção nas notícias sobre a possibilidade real de uma interdição judicial no município campo-grandense deve ter constatado o elevadíssimo grau de irresponsabilidade da gestora que está no poder. Há dados suficientes para embasar esta afirmativa. O desrespeito da prefeita às leis não é algo pontual, nem ocasional, muito menos involuntário. É uma vocação inequívoca para a insensatez.
Desobedecer, desrespeitar, afrontar ou dar de ombros a despachos do Tribunal de Justiça constituem violações tão graves quanto o pouco caso à recomendação expressa do Tribunal de Contas – para riscar de suas práticas os abusos nos gastos com pessoal – ou quanto ao desleixo nos cuidados que deveria ter com a cidade e os serviços essenciais à sua gente. E a prefeita parece que não se deu conta que dirige o maior município com o maior número de habitantes e de eleitores no Estado.
A afronta ao Judiciário está fazendo aniversário. Também sopra suas velinhas a determinação contida no Termo de Ajuste de Gestão firmado com o Tribunal de Contas. Pois além de não cumprir qualquer uma destas obrigações, a senhora Adriane Lopes ainda deu respostas desaforadas às duas instituições. Além de enviar à Câmara de Vereadores, sua cúmplice, um “projeto” para maquiar a tal folha secreta, ela afirma não ter verbas para pagar a insalubridade das categorias com esse direito, enquanto, na sombra e água fresca, mantém sortudos comissionados no staff.
Esta realidade, denunciada pelos servidores, foi retratada muito bem pelo advogado Márcio Almeida, representante dos trabalhadores públicos. O causídico pontuou à imprensa que a prefeitura “está em crítica situação financeira e que já estourou o limite prudencial de gastos com a folha de pagamentos estabelecidas na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)”. É crime. É improbidade.
O advogado cita ainda cinco decretos que regulamentam a concessão de auxílio-alimentação aos médicos veterinários, aos assistentes sociais, aos profissionais de Saúde de nível superior e aos servidores do Instituto Municipal de Previdência de Campo Grande (IMPCG), todos eles com impacto direto nas folhas salariais. E a prefeita fecha os olhos.
Seria o caso de afirmar que esta gestão é míope. Infelizmente, este adjetivo não é o mais apropriado. Mas quem somos nós para escrever que esta gestão é cega? Só mesmo a prefeita pode descobrir isto no dia em que tropeçar nas próprias pernas. Se é que já não provou do tombo.