Fábrica de fertilizantes, questão das terras indígenas e democracia na pauta de governador e presidente
Durante a visita eu fez a Mato Grosso do Sul sexta-feira, 12, para acompanhar o primeiro embarque de carne da planta industrial do Grupo JBS à China, o presidente Lula (PT) e o governador Eduardo Riedel (PSDB) deram uma vigorosa prova do olhar republicano com que conduzem seus mandatos. Além de destacar a atenção que vem sendo dada pelo presidente a Mato Grosso do Sul, Riedel disse que está irmanado na defesa da democracia, reforçou o apelo para que sejam concluídas as obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III, em Três lagoas, e juntos alinharam uma ideia que pode conciliar os interesses de indígenas e ruralistas no Estado.
Sobre a fábrica de fertilizantes (a UFN 3), da Petrobras, Riedel assinalou que é um empreendimento de extrema importância para o desenvolvimento, não apenas do Estado, mas de todo o Brasil. As obras começaram em 2011 e foram interrompidas em 2014, quando a Petrobras rescindiu o contrato com o consórcio vencedor da licitação. Desde então, o futuro da fábrica é um objeto de discussões e negociações, envolvendo tanto interesses empresariais quanto questões políticas e legais.
A Petrobras anunciou em 2017 a intenção de vender a UFN3. Mas o processo de venda foi suspenso em 2018 por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Em 2022 a estatal comunicou a desistência de vender a UFN3 para o grupo russo Acron. Agora, se dispõe a retomar a obra, enquanto o grupo russo aparentemente finaliza as negociações para a compra.
POSTURA
Ao discursar na unidade da JBS, Riedel fez questão de citar a boa relação com o Lula. Lembrou que em fevereiro de 2023, ele e os colegas dos demais estados foram instados pelo presidente a citar suas principais reivindicações. “Minha primeira palavra é de gratidão. Naquela ocasião, o presidente falou que depois de uma eleição polarizada, teríamos que virar a página e olhar pra frente. Apresentamos sete projetos e ele acatou os sete. E só no ano passado vieram mais de R$ 1 bilhão para a infraestrutura, pra gente ser cada vez mais competitivo”.
“É um caminho que estamos propondo há muito tempo, para que se tenha uma sequência de soluções a estes conflitos”, afirmou Riedel
Em seguida, salientou que Lula sempre respeitou as diferenças e em momento algum pôs sua posição política acima da relação federativa da União com o Estado. “E aqui em Mato Grosso do Sul, presidente, nunca haverá qualquer tipo de discussão que ponha a democracia em segundo lugar”, afiançou. Lula elogiou Riedel e sugeriu a ele que União e Estado comprem terras de proprietários rurais em áreas de litígio com indígenas, para assentá-los e apagar os contextos conflituosos.
“É um caminho que estamos propondo há muito tempo, para que se tenha uma sequência de soluções a estes conflitos. Que a gente comece por essas propriedades. Temos trabalhado muito com os povos indígenas para que mostrem seus interesses em relação ao apoio que o governo pode dar. Não só segurança alimentar, mas capacitação, formação, desenvolvimento, naquilo que acharem prioridade, para cada etnia e cada comunidade”, concluiu Riedel.