“Nada é tão ruim que não possa piorar”.
Esta frase filosofal, de origem desconhecida, permite a analogia da contraposição: “Nada é tão bom que não possa melhorar”. Mas qual seria o pensamento possível para definir a construção de algo que não seja o pior do ruim ou o melhor do que é bom – o meio termo?
Tal reflexão é motivada pela gravosa realidade da gestão – ou falta dela – em Campo Grande. Nada a ver com o gênero no poder. É bendita e revolucionária a inovação dos eleitores locais ao irem às urnas eleger uma mulher na chapa que dirigiria a cidade, claramente cientes da eventualidade de tal circunstância acontecer.
Os campo-grandenses festejaram a investidura da primeira mulher que saiu das urnas com a delegação democrática e soberana para, desde que necessário, em caso de vacância do titular, utilizar a caneta mais poderosa da Capital. Uma caneta que lhe assegurou condições únicas e absolutas para escrever nas páginas do tempo um dos capítulos mais exemplares e mais belos da história da terra fundada por José Antonio Preira.
Nesta gestora os eleitores depositaram tantos sonhos e esperanças: morar em bairros de ruas pavimentadas e com redes de controle, drenagem e escoamento de águas pluviais; sistema publico de saúde estruturado para não deixar ninguém padecer na fila de espera; transporte coletivo humano e eficaz; e uma gestão democrática, transparente, resolutiva e blindada contra a gastança e a orgia de nomeações políticas.
Infelizmente, a gestora não atendeu estas expectativas. Nem por suas decisões e atitudes, nem pelas decisões e atitudes da assessoria, sobretudo aqueles e aquelas em posições estratégicas, montados nos super salários, mas incapazes de ao menos orientar a prefeita a não cometer tantos e tão comezinhos atos de desgoverno. Certamente, a presença de auxiliares que lhe massageiam o ego ou treinados para bater palmas compulsoriamente têm a primazia de servir uma gestora que não tece competência sequer para cercar-se de competentes e responsáveis.
Assim, nesta caótica marcha de esperanças destruídas e de sonhos dinamitados, a que foi uma das mais belas e desenvolvidas urbes do País afunda-se nas poças d´água das chuvas para afogar-se no mais profundo dos desalentos. Tomara que até outubro os céus deem uma trégua e não permitam que soe a cantoria com aqueles versos de Jorge Benjor: “Chove, chuva/Chove sem parar”.
Caso contrário, como sugere o próprio intérprete e compositor, só mesmo apelando àquele outro verso: “Pois eu vou fazer uma prece/A Deus Nosso Senhor/Pra essa chuva parar de molhar/O meu divino amor”.